Centenário

Central Sport Club: 100 anos de história

Confira a homenagem do Escrete de Ouro ao centenário da Patativa do Agreste pernambucano

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 15/06/2019 às 9:00
Acervo/JC Imagem
FOTO: Acervo/JC Imagem

A história do Central se encaixa no perfil de que, para atingir a marca de 100 anos, neste dia 15 de junho de 2019, um clube precisa fazer parte da vida de muitas pessoas. Quando a população está envolvida, o jornalismo precisa cumprir o papel de informar e narrar os caminhos trilhados entre time e torcida ao longo do tempo. A Patativa é um exemplo do grande impacto do futebol na sociedade, ao representar o povo da cidade de Caruaru ,no Agreste de Pernambucano.

O time que, nos primeiros anos disputava apenas partidas amistosas, hoje pode ser considerada a resistência do Interior pernambucano, pois, outros clubes surgiram, conseguiram atingir um relativo patamar ao participar do campeonato estadual, mas ficaram para trás, enquanto a trajetória da Patativa se mantém viva e agora centenária.

"É o clube que sobrou no interior. Tantos outros clubes que entraram no estadual e desistiram como o centro limoeirense, o sete de setembro, o Águia de Garanhuns. O central caiu para a segunda divisão do estadual, mas voltou. O Central tem um belo patrimônio e tem o povo que cerca o clube, embora os times da capital tenham torcedores em Caruaru, mas a Patativa tem torcida", afirma o narrador esportivo da Rádio Jornal, Roberto Queiroz.

Voando alto

O 'Garganta de Aço' nasceu na capital do forró e sempre que tem a oportunidade fala como um torcedor da equipe caruaruense. Ele afirma que tudo começou quando criança ao assistir as partidas nas arquibancadas do então Pedro Vitor de Albuquerque, hoje Lacerdão. E foi nesse local que, já sendo radialista, lembra da partida contra o Flamengo, no dia 22 de outubro de 1986, quando 24.450 pessoas foram assistir a vitória do Central por 2 a 1, ocasionando o recorde de público da história do estádio até os dias atuais. Na ocasião, deviso ao regulamento da época, a Patativa terminou o Campeonato Brasileiro a Série B do como líder de seu grupo e conseguiu a classificação para a Segunda Fase da Série A na mesma temporada.

"O Central sempre encarava os grandes de igual para igual. Era um clube que revelava jogadores e sempre fez bons jogos. Chegou a ganhar do Flamengo. Foi um jogo histórico com o time carioca jogando em Caruaru. O Central já fez grandes partidas contra os principais clubes do futebol brasileiro", recorda.

Alguns anos depois, em 1995, o alvinegro tinha a chance de voltar a participar da Primeira Divisão do futebol nacional. A equipe chegou a disputar um quadrangular, em turno e returno, para definir os dois times que conseguiriam o acesso. O final não foi o esperado, mas o incentivo dos torcedores marcou o narrador Aroldo Costa, ainda em início de carreira.

"Eu lembro que fui para um jogo do Campeonato Brasileiro da Série B, disputando um quadrangular contra Coritiba, Atlético-PR e Mogi Mirim. O estádio estava completamente lotado. Fiquei emocionado ao ver um jogo no Interior e o torcedor em peso com a camisa do Central fazendo um espetáculo bonito. O Central não subiu, mas foi uma imagem que ficou para mim", diz o 'Maior Gol do Mundo'.

Atualmente, trabalhando como comentarista, Maciel Júnior na época era narrador esportivo. Ele também acompanhou aquele período da Patativa e lembra que a população de Caruaru 'parava' para ir ao estádio."Foi uma campanha memorável e ficou a um passo de subir para a Série A. Eu fiz os jogos em casa e alguns jogos fora, revezando com outros narrados. Na reta final, eu fiz os jogos em Curitiba (Atlético-PR e Coritiba) e os jogos contra o Mogi Mirim. Mexeu muito com a cidade e nos jogos grandes em casa a maior parte era ocupada por torcedores do Central. Chegou perto. Tinha um time bom, mas acho que faltou recurso (financeiro).

Momentos em baixa

No entanto, como todo bom filme, existe os momentos de dificuldades do protagonista. O ano de 1998 marca a queda do Central para a Segunda Divisão do Campeonato Pernambucano. Apesar de obter a sexta melhor campanha na classificação Geral, a competição era dividida em três turnos. A Patativa disputou o chamado 'Torneio do Rebaixamento', mas não conseguiu evitar o que poderia ter sacramentado o fim do clube.

"O momento que me chama atenção, foi quando eu saí de Garanhuns e comecei fazer as transmissões na Rádio Jornal Caruaru. Eu narrei momentos tristes e alegres do Central. Por exemplo, fiz jogos na Segunda Divisão do Campeonato Pernambucano. Era quase o fundo do poço para a Patativa, porque era terrível", comenta.

De volta ao futuro

Em 2018, o clube chegou a final do Campeonato Pernambucano pela primeira vez na história. O time acabou perdendo o título para o Náutico. Na primeira partida, no Lacerdão, empate sem gols. Já no jogo da volta, a vitória por 2 a 1 dos alvirrubros impediram que a Patativa colocasse seu nome entre os campeões estaduais. No entanto, as dificuldades financeiras e a saída de alguns jogadores importantes na campanha fizeram o time cair na primeira fase da Série D. Uma luta árdua para voltar aos bons tempos.

"Eu acho que as gestões ruins atrapalharam a força do Central. Não foi por causa da torcida, que até se afastou um pouco, pois o time foi caindo de divisão, no Campeonato Pernambucano teve campanhas fracas, mas quando precisa eles estão lá (no estádio). O clube tem uma estrutura boa, mas deixou de ter receitas para se tornar um time mais forte. Vai crescer quando reestruturar o clube, investir nas categorias de base. No dia em que fizer isso, vai se tornar um clube maior", completa Maciel Júnior.

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