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Náutico: o bem-sucedido garimpo alvirrubro de talentos

A temporada 2019 do Náutico foi de revelações de jovens jogadores

Luana Ponsoni
Luana Ponsoni
Publicado em 06/10/2019 às 21:11
Alexandre Gondim/JC Imagem
FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem

A temporada de 2019 foi mais uma em que o Náutico revelou e deu oportunidades a jogadores formados nas categorias de base do clube. Do time considerado titular, quatro atletas têm passagens pela base alvirrubra. Se no ano passado o goleiro Bruno, o meio-campista Luiz Henrique e o atacante Robinho foram revelados, neste ano, o lateral-direito Hereda e o atacante Thiago ganharam destaque no profissional. Além da dupla, o goleiro Jefferson e o zagueiro Diego Silva, revelados há mais tempo pelo clube, também são titulares.

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Para começar a revelar novos atletas de novo, no entanto, foi preciso mudar a filosofia e reformular o trabalho relacionado à base. No final de 2017, quando o Náutico fazia péssima campanha na Série B, que culminaria no rebaixamento, a atual gestão executiva começava a tomar a frente do clube. Incentivada pelo estatuto do Náutico, que determina que 30% do elenco profissional seja formado por jogadores revelados na base do clube, a nova diretoria começou um novo planejamento e criou o Centro de Inteligência do Náutico (CIN), investindo em tecnologia e uniformizando as informações do profissional e da base.

 

“Quando a gente estava na reta final de 2017, infelizmente sendo rebaixado para a Série C, a gente iniciou um planejamento. Começamos a pensar o Centro de Inteligência e definir um perfil dos atletas que o Náutico queria trabalhar. Definimos o perfil com alguns pontos, atletas com alto grau cognitivo, atletas que tenham liderança. Depois do perfil, definimos as características dos atletas que queríamos trabalhar e para definir isso, não pode ser uma questão pessoal, opinião minha, do analista ou do treinador, a gente precisa respeitar o histórico do clube, a cultura local”, explicou o executivo Ítalo Rodrigues.

Devido à necessidade e da crise que o time vivia após o rebaixamento para à Série C, o novo planejamento do futebol começou a ser implementado no elenco profissional e depois foi passado para as categorias de base. Foi durante a pré-temporada de 2018 que o trabalho com a base começou a ser intensificado. Hoje o mesmo tipo de relatório que o técnico Levi Gomes recebe na equipe sub-20 é o mesmo que Gilmar Dal Pozzo recebe para o profissional, seguindo a mesma linha e direcionamento de informações.

 

“Quando a gente forma o elenco que inicia o processo de 2018, a gente começa a dar um pouco mais de estrutura para o CIN e o planejamento começou de fato a ser executado na base, a padronizar também o perfil e as características dos atletas, porque sempre eram tratadas de forma isolada as categorias. Cada treinador tinha o seu estilo e acabava fazendo da sua forma, hoje a gente tem uma pessoa ligada ao CIN diretamente, que é quem acompanha os treinos e jogos da base, para se certificar que de fato a metodologia estipulada, o perfil e as características dos atletas estão sendo respeitadas”, disse Ítalo.

NOVOS TALENTOS

Antes de dar oportunidades e revelar novos jogadores, o Náutico modificou a maneira de captar e procurar novos talentos. Se antes investia em jovens de todo o Brasil, o clube agora tem como prioridade garimpar talentos locais. “Fizemos uma pesquisa e percebemos que praticamente todos os clubes grandes da Série A tinham atletas de Pernambuco, da Região Metropolitana do Recife (RMR) ou das cidades vizinhas. Foi quando a gente mudou o foco da nossa captação, para não perder os atletas daqui. Passamos então a monitorar mais os projetos sociais, estreitar mais esses laços”, revelou o dirigente alvirrubro.

Foi por meio de um projeto social e de uma parceria com um agente de atletas que a principal revelação do Náutico na temporada foi descoberta. Com apenas 17 anos, o atacante Thiago chegou para uma avaliação no Centro de Treinamento Wilson Campos no ano passado. Mesmo com o talento evidente do atacante, o diretor alvirrubro não esperava um sucesso tão precoce.

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“Quando a gente puxou Thiago e atletas do sub-17, eu confesso que mesmo Thiago se destacando bastante, eu achava que tinha outros atletas que poderiam se fixar no profissional antes dele. Mas isso varia muito, da personalidade do atleta de chegar no profissional, desenvolver um bom trabalho e nesse aspecto não se tem uma receita”, analisou Ítalo.

Outro jogador revelado pelo Náutico na temporada, o lateral-direito Hereda chegou ao clube antes do atual processo realizado pelo clube para captar novos talentos para a base. Por conta de uma lesão, jogou poucas vezes no time sub-20, mas pelas suas características de jogo, a diretoria alvirrubra acreditou que ele merecia ser testado no profissional, como explicou Ítalo Rodrigues.

“A gente ainda tinha o perfil de buscar atletas de fora. Hereda chegou, jogou muito pouco na base, quase não teve sequência por conta de lesão. E pela característica dele, é isso que a gente preza. Observamos o perfil do atleta e enxergamos que mesmo ele tendo jogado pouco na base, ele deveria ser testado”, revelou.

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