VIOLÊNCIA

"A FPF ficou a favor das Organizadas", revela promotor do MPPE

Ricardo Coelho detalhou sobre a ação do MP contra as Organizadas

Pedro Alves
Pedro Alves
Publicado em 05/02/2020 às 13:12
Felipe Ribeiro/JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/JC Imagem

As ações criminosas das Torcidas Organizadas (TO) das equipes pernambucanas nesta semana é a repetição da prática constante de infrações sem impunidade que a sociedade pernambucana vem acompanhando. A união de poderes no estado poderia ser a solução para minimizar esses problemas foi buscado por parte do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), mas não foi apoiado pelas outras frentes, revelou o promotor Ricardo Coelho, em entrevista para Aroldo Costa, da Rádio Jornal.

Segundo o promotor, o MPPE instaurou na justiça uma ação para que as Torcidas Organizadas fossem proibidas de entrar nos estádios e apenas um clube apoiou a decisão. “Me lembro muito bem que, dos três grandes clubes da capital, apenas o Sport se posicionou contra as TO, os restantes foram a favor, inclusive recebi um presidente acompanhado dos dirigentes das Instituições Organizadas no meu gabinete, falando praticamente como se fosse o presidente da Organizaçãos, pedindo para que a ação não fosse proposta e para que as Torcidas fossem asseguradas nos estádios. E isso tudo fica ainda mais lastimável quando Federação Pernambucana se posicionou a favor das TO, não acatou a recomendação do MP para as proibições das Organizadas”, disse o promotor que completou criticando a Federação Pernambucana de Futebol (FPF).

 

“O MP ficou de um lado, e do outro lado tem muitos dirigentes que são políticos interessados na defesa dessas TO. A FPF lamentavelmente ficou do lado das torcidas e isso está registrado nos autos das ações civis movidas pelo MP. A nossa ação foi voltada para as três grandes Torcidas Organizadas da capital que na época já haviam cometido mais de mil crimes, nos dias de jogos, alguns com extremas gravidades”, completou.

Declaração de Evandro Carvalho

O fala do promotor ganha ainda mais peso quando recuperamos as declarações do presidente da FPF, Evandro Carvalho, na última terça-feira (4), na Rádio Jornal, quando o mandatário se posicionou de forma extremista contra as Torcidas Organizadas, apoiando, inclusive, a execução dos infratores. A declaração foi fortemente criticada por Ricardo Coelho.”Eu achei que foi uma declaração bem infeliz e criminosa no momento em que incita a prática de crime de execução e ela deve ser objeto de uma responsabilização. Uma pessoa que ocupa um cargo de tamanha relevância e importância não pode falar esse tipo de afirmação no momento que ela estimula a prática de uma ação criminosa. Isso tá previsto na lei penal. O que deve haver é o afastamento da política do futebol e essa medida extrema não cabe. O que cabe é o rigor da FPF em enfrentar o problema, do clube, do MP, do Poder Judiciário e isso pode ser vencido, como foi vencido em outros estados e no exterior”, criticou de forma construtiva o promotor.

Ouça a entrevista na íntegra:

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