Olimpíadas de Tóquio

“Irmão de Romário”, criticas a Bolsonaro e Candomblé: quem é o jogador Paulinho, atacante da seleção brasileira nas Olimpíadas de Tóquio?

Atacante Paulinho viralizou nas redes sociais ao comemorar gol homenageando orixá do Candomblé

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 22/07/2021 às 18:36
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FOTO: Reprodução/Instagram

Aos 21 anos de idade, Paulinho é um dos nomes mais citados entre os jogadores da seleção brasileira nas Olimpíadas de Tóquio. Foi dele o quarto gol que consagrou a vitória do Brasil em cima da Alemanha (por 4x2) na estreia dos jogos nesta quinta-feira (22). Mas se engana quem pensa que o atacante deve ser observado “apenas” pelo bom futebol. Dentro e fora dos gramados, Paulinho chama atenção para outros assuntos importantes como política e respeito a religiões de matrizes africanas.

Na comemoração do gol na partida contra a Alemanha, Paulinho usou os braços para fazer um gesto como se atirasse uma flecha. Era uma homenagem clara a Oxóssi, orixá do Candomblé. “Cultuar essa filosofia me traz muita energia boa, muito axé. Como assentado e praticante, vou ao meu pai de santo sempre que estou no Brasil e peço proteção aos orixás, principalmente ao meu Pai Oxóssi e à minha Mãe Iemanjá. Exu é o caminho. Procuro saudá-lo antes de cada obrigação, de cada partida. Laroyé!”, disse Paulinho em entrevista ao site "The Players Tribune".

Ao ser convocado para a seleção, Paulinho comemorou com a seguinte frase nas redes sociais: "Nunca foi sorte, sempre foi Exu. Laroyé!". Por causa disso, o atacante sofreu ataques preconceituosos. “Sou muito agarrado à minha fé. Minha família sempre teve muita conexão com o candomblé e a umbanda. Evito focar nesses comentários. É ignorância e falta de informação”, disse o jogador ao O Globo.

Infância

Paulinho começou jogando futsal, no Madureira, no Rio de Janeiro. Em seguida, o atacante foi para o Vasco da Gama. “Na época de seleção de base, a galera pegava no meu pé porque o clube estava na segunda divisão. E eu comprava briga, sempre. Não aceito que ninguém fale mal do Vasco na minha frente. A história do clube é muito bonita, precisa ser respeitada”, disse em entrevista ao The Players Tribune.

A história de Paulinho com o Vasco é antiga. A mãe dele é vascaína com paixão e quase usou o nome do filho para homenagear um dos grandes ídolos do clube de São Januário, após o esposo colocar o nome do filho mais velho de “Romário” - que tinha passagem pelo Flamengo na época.

“Ela é vascaína fanática! Como o Romário tinha jogado no Flamengo, esse nome não estava nem de longe entre os seus preferidos para batizar um filho. Ela ficou bolada, passou um mês sem falar com meu pai por causa disso. Mas ele teve a chance de se redimir um ano depois. Quando ela engravidou de mim, resolveu dar o troco. Só de birra, decidiu que eu me chamaria Edmundo, em homenagem a um dos maiores ídolos do Vasco. No ano em que eu nasci, Romário e Edmundo jogavam juntos no clube. Daria uma bela dupla de irmãos, certo?”, contou bem humorado.

No cartório, no entanto, o pai, seu Paulo Henrique, colocou o próprio nome no filho. No bairro, no entanto, Paulinho era chamado de Edmundo - o irmão de Romário.

Política

O jogador também se posiciona politicamente e é contrário ao governo de Jair Bolsonaro. “O que defendo, como uma pessoa que tem voz, é que eu não posso me dar o direito de permanecer calado. De não me posicionar diante de preconceitos e negligências. Se sou crítico do atual Governo, é porque eu confio na ciência. Todo mundo enxerga o que se passa durante esse um ano e meio de pandemia, todo o descaso com a saúde. Mesmo vivendo em outro continente, tenho pessoas queridas que moram no Brasil. Elas precisam de segurança, de amparo, de vacinas”, disse ao The Players Tribune.

Futebol

Atualmente, Paulinho está jogando na Alemanha, no Bayer Leverkusen. Em julho de 2020, o atacante rompeu o ligamento do joelho e fiocu 10 meses sem jogar.

“Eu me inspiro muito no Ronaldo Fenômeno. Ele passou por um momento difícil antes da Copa [de 2002]. Foi um cara que mostrou superação, força de vontade, de querer vencer, ambição de estar na Seleção Brasileira”, disse em entrevista coletiva.

“Carrego essa história comigo, porque passei por quase a mesma coisa e sei que também posso agregar muito à Seleção Olímpica, como o Ronaldo agregou na Copa do Mundo de 2002”, acrescentou.

“A CBF entrou em contato comigo para saber como estava a minha recuperação. Fiquei em contato com os médicos e fisiologistas. Tive alguns contatos com o professor Jardine, fico muito feliz com a confiança que ele e a comissão têm em mim”, finalizou.

Vida pessoal

No Instagram, Paulinho conta com 567 mil seguidores. Ele namora a estudante de História Karina Busquet, de 21 anos de idade.

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