Organização de jovens ligada à Maçonaria dá exemplo de atitude cidadã

Da Rádio Jornal
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Publicado em 09/05/2011 às 13:01

Eles são jovens do sexo masculino, com idades entre 12 e 21 anos, que se reúnem periodicamente para desenvolver atividades que buscam o seu desenvolvimento como cidadãos bem como o da sociedade. Essa é a Ordem Demolay, uma instituição para-maçônica, ou seja, que está ligada à Maçonaria, mas que não é subordinada a ela.

A Ordem Demolay existe há quase cem anos, está presente em diferentes partes do mundo e se organiza em células de ação local chamadas de Capítulos. Cada Capítulo, para que exista, deve ser patrocinado por uma loja maçônica reconhecida. Em Olinda, por exemplo, o capítulo República Olindense é patrocinado pela loja maçônica 12 de Março de 1537. Para acompanhar o trabalho dos jovens do capítulo há um conselho consultivo de Maçons, que atua aconselhando e supervisionando as ações dos jovens.

Gerson Alves, presidente do Conselho Consultivo de Maçons do Capítulo República Olindense, explica que apesar do apoio dos maçons, a ordem funciona de forma independente. “É uma instituição feita por jovens, acompanhada por um conselho de maçons que é apenas consultivo e não deliberativo. Eles trabalham, realizam atividades filantrópicas e atividades na sociedade, tanto para levar uma melhoria à sociedade, quanto para conhecer uma realidade social que eles não conhecem. Muitos jovens desconhecem o seu papel na sociedade e nós acreditamos que se o jovem for um indivíduo melhor ele pode construir uma sociedade melhor”, conta Gerson.

O República Olindense existe há 12 anos e desenvolve atividades filantrópicas no Lar de Idosos Maria do Carmo, no município de Paulista. Lá os garotos procuram levar não apenas doações de alimentos e materiais de limpeza, mas ser também uma companhia para os 41 idosos que moram na casa. O grupo também promove ações de caridade nas ruas do centro do Recife, próximo ao Cais de Santa Rita, onde grupo realiza doações de alimentos e acompanhamento das pessoas em situação de rua.

Nesse momento, em que a Zona da Mata Sul de Pernambuco sofre novamente com as chuvas, o capítulo República Olindense, junto com os demais capítulos Demolays de Pernambuco, estão arrecadando doações que serão levadas até o município de Barreiros. Para entrar em contato com os garotos do República Olindense, a Loja Maçônica 12 de Março de 1537, onde eles se reúnem todos os sábados, fica na rua Coronel Francisco Figueiroa, em Bairro Novo, Olinda.

Nesta semana, o trabalho filantrópico da Ordem Demolay foi destaque nas Rádios Jornal e JC-CBN no espaço Atitude Cidadã, que procura mostrar ações desenvolvidas por instituições ou pessoas físicas que buscam contribuir de alguma forma para a construção de uma sociedade melhor e para a formação de verdadeiros cidadãos. Na reportagem foi destacado o trabalho de filantropia realizado pelos jovens do Capítulo Demolay República Olindense, no lar de idosos Maria do Carmo, no centro do município de Paulista.

Confira abaixo a Matéria Especial de Atitude Cidadã, feita pela Repórter Multimídia das Rádios Jornal e JC-CBN Ismaela Silva:

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A ritualística da Ordem Demolay

Baseados em sete virtudes, que são amor filial, reverência pelas coisas sagradas, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo, os jovens da ordem Demolay não promovem somente ações práticas de atitude cidadã. Eles trabalham em duas vertentes que se complementam. São elas as atividades em templo, divididas entre reuniões ritualísticas e estudos filosóficos, realizados dentro do templo maçônico pertencente à loja que patrocina o capítulo, e as atividades filantrópicas feitas na sociedade.

Assim como na Maçonaria há algumas reuniões ritualísticas promovidas pela Ordem que são abertas ao público, como é o caso da Cerimônia das Luzes (exibida no vídeo abaixo), que fala sobre as virtudes da ordem. Porém há outras reuniões em templo que são fechadas exclusivamente para os integrantes do capítulo, a fim de manter a privacidade e a perpetuação das tradições da organização.

Dentro do templo maçônico, durante as reuniões Demolays, alguns símbolos carregam a ritualística da ordem. Um móvel carrega a coroa da juventude, que é o símbolo maior da Ordem, a bandeira nacional relembra o patriotismo e uma espécie de altar triangular é montado e sobre ele são colocados os livros escolares e a bíblia, que representam os baluartes da ordem. Em torno do altar, sete candelabros com sete velas são dispostos em formato de meia lua, cada uma dessas sete velas representa uma das virtudes que guiam as atividades da ordem.

Em todas as reuniões em templo cada integrante da ordem deve se vestir com uma roupa específica, que é composta por uma calça preta e uma camisa branca, simbolizando a dualidade e a eterna luta entre as trevas e a luz, uma gravata que é comprida para os membros antigos e borboleta para os iniciantes, uma capa preta com detalhes que representam a história da Ordem, mais uma jóia ou colar que define qual é o papel de cada integrante no capitulo do qual ele participa. O colar amarelo, por exemplo, pertence ao Mestre Conselheiro do Capítulo, já o laranja pertence ao Mestre conselheiro regional da ordem.

Confira abaixo os significados de cada detalhe da capa que completa o traje das cerimônias da Ordem Demolay:

O primeiro detalhe significativo desse traje está na maneira como ele é fechado, por uma corda com três nós, que representam todas as trindades nas quais a Ordem Acredita, como é o caso da santíssima trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).

Dos ombros, pendem dois cordões soltos, que representam o primeiro e o segundo conselheiro do Capítulo em questão.
No mesmo ponto dos ombros cai uma trança que simboliza a união das outras duas cordas, que representam o primeiro e o segundo conselheiro.

Um outro cordão na lateral traz uma sequencia de 23 nós, que simbolizam os 23 oficiais que integram a ritualística da ordem.

No peito a capa leva o brasão da Ordem Demolay.

Por fim, as próprias cores da capa também trazem o significado da vida (representada pela cor vermelha), se sobrepondo às trevas.

História da Ordem Demolay
A ordem surgiu em 1919, em Kansas City, Missouri, Estados Unidos da América, quando o Maçom Frank Shermann Land teve a ideia de formar uma Organização Juvenil que proporcionasse o devido treinamento e guia para uma melhor cidadania, bem como elevados valores patrióticos. O grupo inicial reunido por Frank em um templo maçônico contava com nove jovens, que decidiram escolher o nome de um maçom de destaque para batizar a nova organização que se formava. Assim foi escolhido o nome do Maçon Jaques DeMolay, que fora o último Grão Mestre dos Cavaleiros Templários e morrera como um Mártir da lealdade e tolerância.

Apesar de ser uma instituição que existe há quase um século e está presente em diversas partes do mundo, a Ordem Demolay ainda é pouco conhecida e assim como a Maçonaria, organização à qual está diretamente ligada, carrega consigo alguns preconceitos gerados por falta de informação das pessoas a respeito dessa ordem.

Diferente do que a maioria das pessoas pensa, a Ordem Demolay, assim como a Maçonaria, não é religião nem muito menos promove nenhum tipo de aversão ou discordância com nenhuma delas. Na verdade a relação que essas duas organizações procuram estabelecer é a do homem com a sociedade e a justiça na busca por um mundo melhor. Seu cunho é muito mais educacional que religioso.

Para fazer parte da ordem é necessário ter reverência pelas coisas sagradas e fé em Deus, mas não existe restrição religiosa para com os seus integrantes. “Assim como a Maçonaria busca aprimorar os seus integrantes, o principal objetivo da ordem Demolay é aprimorar o jovem para que ele possa, através de suas ações, construir uma sociedade mais justa e pacífica” é o que conta Gerson Alves, presidente do Conselho Consultivo de Maçons do Capítulo República Olindense.

Afim de preservar as referências historicas da Ordem, cada capítulo demolay possui o seu próprio estandarte, adornado com os símbolos que representam a Ordem Demolay e a história do capítulo em questão. No caso do República Olindense o sênior demolay, Ranieri Cavalcanti explica cada parte do estandarte desse capítulo no vídeo abaixo: