Remoção de imóveis de Palmares retoma polêmica sobre reconstrução às margens de rio

Da Rádio Jornal
Da Rádio Jornal
Publicado em 10/04/2012 às 16:01
Leitura:
Isabela Lemos e Karla Oliveira Da Rádio Jornal Faltando pouco menos de 60 dias para completar dois anos das enchentes, que devastaram os municípios da Mata Sul de Pernambuco, os moradores da cidade de Palmares, a 118 quilômetros do Recife, permanecem em situação de incertezas. As ações de prevenção às enchentes não foram concluídas pelo governo estadual. Além disso, os donos dos prédios comerciais, localizados às margens do Una, vão ter que retirar todos os pertences até a próxima segunda-feira, dia 16. Ao todo, 103 imóveis, que estão construídos na principal via da cidade, a Avenida José Américo de Miranda, serão demolidos. Agilda Lessa é proprietária de uma auto-elétrica, no município. Ela explica que o prazo dado para a desocupação do estabelecimento deveria ser maior, além do ressarcimento não compensar os anos de trabalho. Outro prejudicado com a desocupação dos prédios é o dono da Policlínica Palmares, o Dr. Dilson Assunção. Há 20 anos ele trabalha no local, que construiu ao longo da carreira de cardiologista, firmada na cidade. O médico explicou à nossa equipe de reportagem um pouco do que prevê o decreto de demolição, levantando ainda a questão do porquê que alguns imóveis, de órgãos estaduais por exemplo, não serem afetados com a ação. Foram vários os empréstimos realizados para a reconstrução pessoal que cada um fez na propriedade que tinha. Reforma esta que se arrasta desde os estragos de 2010. O Dr Dilson foi uma dessas pessoas. Ele fala dos prejuízos e lamenta o futuro dos 30 funcionários da Policlínica. Uma reunião entre políticos, representantes da igreja, comerciantes e os moradores do município será realizada às 19h30 desta terça-feira, dia 10, na Praça Ismael Gouveia, área central de Palmares. O encontro pretende definir os passos que serão tomados antes da demolição dos estabelecimentos. A representante da comissão de moradores do local, Glauce Lúcia Maciel, detalha o que vai ser discutido na reunião. Não apenas os que dependem diretamente da área sofrerão as perdas dos imóveis. Os cerca de 170 fiéis que frequentam, nos fins de semana, a Igreja Presbiteriana Perderão o local de adoração. De acordo com o pastor Haroldo Nunes, a população não foi comunicada oficialmente sobre a mudança na estrutura da cidade, assim como os valores da indenização não foram discutidos. Já os responsáveis pela engenharia da Casa Militar de Pernmbuco, replicam as denúncias. Segundo o coordenador de engenharia do órgão, o capitão Fábio Rosendo, o cálculo da indenização foi realizado por uma empresa terceirizada, contratada pelo governo do estado. Em 18 de junho de 2010, o nível do Rio Una, um dos principais da Mata Sul do Estado, começou a subir e, em questão de dias, o município de Palmares decretou estado de emergência. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e alojadas em Centros Sociais Urbanos, recebendo apoio de todo o País. Menos de um ano depois, a cidade voltou a ser castigada com as cheias. Desta vez, o estrago foi menor. No entanto, os palmarenses continuavam sem estabilidade financeira e emocional para suportar a situação. O sentimento de revolta com a falta de comprometimento governamental tomou conta da cidade. Enquanto nenhuma providência concreta é tomada, a única forma de protesto é a exposição de uma faixa na porta das casas com dos dizeres: reconstruir não é destruir. » Confira outros vídeos realizados durante a viagem à Palmares, nesta segunda-feira (09): A professora aposentada, Cilene de Almeida, de 70 anos, mora desde que nasceu na Avenida José Américo de Miranda. Lá ela se criou, assim como aos filhos. No depoimento a seguir, a aposentada faz um apelo aos órgãos governamentais para que um estudo mais aprofundado seja realizado na área. Nos dois próximos vídeos, você confere os imóveis que estão previstos de demolição e o início da destruição de alguns estabelecimentos comerciais: