Bebê com trombofilia morre no Recife. Pai da criança culpa o Governo do Estado

Da Rádio Jornal
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Publicado em 24/11/2013 às 14:45
Da Rádio Jornal Atualizado em 25/11 às 12h25 bebe_trombofilia_intern Imagem: Reprodução/ TV Jornal 10 horas e 28 minutos de uma manhã ensolarada de domingo 24 de novembro de 2013. Naquele momento, era enterrado no Cemitério São Luiz, em Escada, o corpo de Mateus Henrique Lacerda, de 1 ano e 4 meses. O garoto não resistiu ao agravamento da doença que possuía e morreu, na tarde do último sábado (23), em um hospital particular do Recife. Mateus sofria de trombofilia doença causada por deficiência na coagulação do sangue e por falta de proteína C. bebe_enterro_inter Foto: Marcelo Barreto/ Rádio Jornal O corpo do bebê foi velado na casa dos pais. Em seguida, foi levado ao cemitério, em cima de um carro, acompanhado por cerca de 100 pessoas, elas ruas do Centro de Escada. A mãe do garoto, Gerlaine Lacerda, não conseguia falar e nem se desapegar do caixão. bebe_enterro_02_inter Foto: Marcelo Barreto/ Rádio Jornal O repórter Marcelo Barreto esteve no enterro e traz as informações na matéria a seguir: Ouça também a entrada ao vivo do repórter na programação da Rádio JC News: O pai do menino, Eduardo Lacerda, deu um difícil depoimento e culpou o Estado pelos dias que o filho ficou sem o medicamento: "Estamos muito revoltados com os nossos governantes. Pelo simples fato de as pessoas deixarem de fornecer a medicação dele, o que é um direito nosso, ele está dentro de um caixão. Você não consegue imaginar o que essa criança sofreu. Só Jesus sabe o que ele passou e o que nós passamos. Mas agora não tem muito mais o que falar", disse Eduardo. "O secretário de saúde do Estado de Pernambuco agora deve descansar... E o governador Eduardo Campos agora vai descansar também. Mas a gente vai procurar nossos direitos. A gente precisa fazer com que alguém pague por isso, porque a verdade é uma só: Eles assassinaram nosso filho e eles acabaram nossa família". Ouça aqui o depoimento completo de Eduardo Lacerda, em entrevista à Rádio Jornal: A defensora pública que vem acompanhando o caso, Nataly Brandi, informou que o Estado foi sim displicente com relação aos problemas com os remédios, mas que precisa ter acesso aos laudos para comprovar se realmente o governo foi o responsável pela morte do garoto. Ouça na íntegra a entrevista que a Rádio Jornal fez por telefone com ela: Durante o evento de Inauguração do ambulatório central do Hospital Barão de Lucena, na manhã desta segunda-feira (25), o secretário estadual de Saúde Antônio Carlos Figueira respondeu a perguntas sobre o caso do menino Matheus dizendo que "o Estado está tranquilo, porque fez tudo o que estava ao seu alcance para disponibilizar o medicamento para a criança". Ouça a entrevista com o secretário, na reportagem de Rafael Carneiro, sobre a inauguração: remedio_ne10_interna Foto: Reprodução da Internet/ Portal NE10 Governo de Pernambuco diz que não faltou empenho no tratamento de bebê - A Secretaria de Saúde de Pernambuco enviou nesta domingo (24) nota à imprensa sobre o falecimento de Matheus Henrique, 1 ano. O garoto morreu em decorrência de problemas de saúde causados pela interrupção do medicamento cedido pelo Governo do Estado para tratar a trombofilia. No comunicado, o órgão informa que não faltou empenho para possibilitar o tratamento, dificultado pela não comercialização do remédio no Brasil e por mudanças na dosagem sem prévia comunicação. Confira a íntegra da nota: "A Secretaria Estadual de Saúde informa que lamenta profundamente a morte do paciente Matheus Henrique, de um ano, mas reafirma que todas as medidas foram tomadas, pelo Estado, com o intuito de garantir ou prolongar a sua vida. No caso, que fugiu ao protocolo de aquisição de medicamentos excepcionais, houve empenho de diversos funcionários e setores deste órgão para agilizar a chegada do remédio, proibido de comercialização no País pela Anvisa, e possibilitar o tratamento, considerado experimental e sem eficácia terapêutica para a doença rara, sem cura e com rápido agravamento do quadro clínico. O paciente Matheus, que teve o tratamento negado pelo plano de saúde, começou a receber o Ceprotin, pelo Estado, em 2012. Ao todo, foram adquiridas 780 ampolas do medicamento, em um investimento de R$ 2 milhões. Com essas aquisições, o garoto estava com estoque suficiente para os próximos três meses, ao final do qual período chegariam novas ampolas já solicitadas. Para viabilizar o medicamento, a SES contatou diversos fornecedores e importadores, mas apenas um, a Uno Healh Care, informou ter condições de importação e pediu o prazo de duas a cinco semanas para a entrega. A SES também negociou diretamente com o laboratório Baxter, da Áustria, que solicitou prazo de 15 dias para a entrega do medicamento. No período de um ano, o paciente ficou alguns dias sem o remédio, pois mudanças foram feitas nas dosagens, sem a prévia comunicação à SES, o que dificultou o planejamento do estoque.  Nesse período, a SES conseguiu empréstimo de 58 ampolas, junto à Bahia, o que possibilitou o tratamento até a chegada das ampolas compradas pelo Estado. Por fim, a SES se solidariza com a família de Matheus e é natural que, em momentos de dor como este, sejam dadas declarações movidas pela emoção. Porém, assim como já fez anteriormente, tanto para a família como para a sociedade, a SES está à disposição para esclarecer as medidas adotadas pelo Estado, no sentido de garantir a assistência da criança." [Do NE10]