Atualizada às 10h
Policiais bloqueiam entrada do terreno
Foto: Reprodução / Grupo Direitos Urbanos
Desde às 5h desta terça-feira (17), policiais do Batalhão de Choque e do 16º batalhão da Polícia Militar cumprem mandado de reintegração de posse no terreno do Cais José Estelita. A ordem foi dada pelo desembargador-substituto Márcio Fernando de Aguiar Silva, no dia 29 de maio. Os manifestantes ocupavam o terreno na Zona Sul do Recife, desde o último 21 de maio. Eles são contra o projeto que prevê a construção de 12 torres residenciais e comerciais na área da REFESA.
Manifestantes ocupavam desde 21 de maio
Foto: Reprodução / Grupo Direitos Urbanos
Ao saber da ordem de reintegração de posse, ativistas se articularam através das redes sociais para apoiar os que ainda ocupavam o terreno. De acordo com a advogada do Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH), a polícia usou de força desnecessária, com balas de borracha e spray de pimenta, além de impedir que as pessoas recolhessem os pertences. Pelo menos três pessoas foram detidas e duas desmaiaram. Outras também ficaram feridas
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Segundo o ativista Sérgio Urt, crianças e mulheres grávidas foram agredidas
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Foram utilizados na operação tropas com cavalos e cachorros
Foto: Reprodução / Grupo Direitos Urbanos
De acordo com o capitão Júlio Aragão, só foram usadas armas não letais que são necessárias sempre que os ocupantes não saem dos terrenos de forma pacífica, ou não tem interesse de sair.
O coronel Carlos Pereira orienta que agora que a reintegração de posse foi cumprida, os ativistas não devem retornar ao terreno do Cais. A segurança do local passa a ser feita de forma privada.
Em entrevista à
JC News, o representante do Consórcio Novo Recife, Eduardo Moura, disse que as negociações com o movimento Ocupe Estelita e a Prefeitura do Recife continuam, para que se discutam detalhes do projeto. Mesmo com a desocupação do terreno, a área do Cais não deve ser demolida, já que o alvará de demolição foi suspenso pela Prefeitura.
Em entrevista à
JC News com Aldo Vilela, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, disse acreditar que o impasse entre construtoras e ativistas poderia ter sido resolvido de outra forma: "Eu aposto no caminho do diálogo", afirmou. Geraldo Julio disse que a prefeitura da capital está atuando na intermediação das negociações e que acreditava que uma solução negociada estava a caminho. "A ação de hoje não está na linha do como a Prefeitura estava atuando", disse.
NEGOCIAÇÃO SOBRE O PROJETO NOVO RECIFE -
Em uma reunião realizada, nessa segunda-feira (16), a prefeitura deu um prazo de 30 dias para que novas diretrizes urbanísticas sejam feitas no projeto. O documento com oito propostas para a área foi elaborado por entidades como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (OAB), Conselho Regional de Engenharia, Unicap e Observatório do Recife.
O plano ainda precisa ser repassado aos ministérios públicos Estadual e Federal, Consórcio Novo Recife e o grupo Direitos Urbanos. Caso seja aprovado, a Prefeitura deve convocar uma audiência pública e, posteriormente, o consórcio terá que finalmente realizar mudanças no projeto imobiliário.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Roberto Montezuma, disse que a reunião foi produtiva. Ele também defende o debate como melhor alternativa.
O prefeito Geraldo Julio afirma que a agenda do redesenho negociado do projeto visa representar o anseio de todos.