Da Rádio Jornal
Atualizado em 25.07.2014 às 6h20
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Nessa quinta-feira (24), familiares, amigos e fãs de Ariano Suassuna homenagearam o dramaturgo, no cemitério Morada da Paz, município de Paulista. O artista foi enterrado às 16h desta quinta-feira, acompanhado de uma marcha fúnebre. Personalidades como a cantora Lia de Itamaracá estiveram presentes no último adeus ao escritor. Ariano Suassuna faleceu às 17h15, da quarta-feira (23), com parada cardíaca provocada pelo agravamento de um Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico.
A presidenta Dilma Rousseff veio a Pernambuco para o velório do escritor. Ela chegou ao Recife por volta das 13h10 e seguiu para o Palácio do Campo das Princesas. O ex-governador e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, também esteve na cerimônia. O cortejo seguiu para o cemitério Morada da Paz, no município de Paulista, e o corpo do artista foi sepultado por volta das 17h.
![Foto: Clarissa Siqueira/Rádio Jornal](https://img1.ne10.uol.com.br/radiojornal/imagens/noticia/2014/07/velório-ariano.jpg)
Foto: Houldine Nascimento/Rádio Jornal
A repórter Clarissa Siqueira acompanha tudo do local. Muitos familiares, amigos e fãs chegam a todo o momento para prestar homenagens ao artista e à família.
HISTÓRIA
Ariano Vilar Suassuna nasceu na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, passando parte da infância no município de Taperoá. A mudança para o Recife ocorreu na década de 1940, quando escreveu a primeira peça de teatro.
Formado em Direito, se dedicou às artes, sendo professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O escritor foi fundador do Conselho Federal de Cultura e secretário de Cultura nos governos Miguel Arraes.
Ariano Suassuna fala das primeiras experiências, das lembranças do passado e da época em que morou em Taperoá (PB):
Na década de 1970, Ariano Suassuna ajudou a fundar o Movimento Armorial, uma junção da arte erudita nordestina com raízes populares. O intelectual fala dos primeiros passos do Quinteto Armorial, uma forma de superar o fracasso de não ser músico:
Confira abaixo o soneto O amor e a morte, de autoria própria, declamado pelo intelectual defensor da cultura nordestina.
A morte do escritor Ariano Suassuna, repercutiu na imprensa nacional e nas redes sociais. Ariano Suassuna deixa a esposa viúva, Zélia Suassuna, os filhos Joaquim, Maria, Manoel, Isabel, Mariana e Ana Suassuna, além de 15 netos.
O governador de Pernambuco, João Lyra Neto, decretou luto oficial de três dias. O socialista comenta a partida do poeta:
Amigo de longas datas, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não escondeu a emoção ao falar de Ariano Suassuna. O socialista afirma que o escritor, poeta e dramaturgo deixa um importante legado para o País:
A presidenta Dilma Rousseff afirmou que guarda ótimas recordações dos encontros e histórias vividas com Suassuna. O Brasil perdeu hoje uma grande referência cultural. Escritor, dramaturgo e poeta, Ariano Suassuna foi capaz de traduzir a alma, a tradição e as contradições nordestinas em livros como Auto da Compadecida e Romance dA Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. A obra de Suassuna é essencial para a compreensão do Brasil, disse em nota.
>> Defensor da cultura nordestina, torcedor e militante político: o perfil do sempre bem humorado Ariano Suassuna
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Foto: reprodução/internet
Aos 87 anos, o escritor, poeta e dramaturgo mantinha uma rotina de trabalho com as aulas espetáculo. Na última sexta-feira (18), no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) chamou a morte de Caetana e disse que será imortalizado pelos personagens que criou.
Ariano Suassuna também ficou conhecido pelas frases de efeito quando comentava a cultura e os artistas estrangeiros. Não troco meu oxente pelo ok de ninguém era um clássico dele.
Em dois mil e dois, o intelectual foi tema da escola de samba do Rio de Janeiro, Império Serrano. Seis anos depois, seria homenageado pela Mancha Verde, de São Paulo.
![Ariano Suassuna recebeu homenagens do Carnaval 2014 em um trono especial. Foto: Rafael Souza/Rádio Jornal](https://img1.ne10.uol.com.br/radiojornal/imagens/noticia/2014/07/ariano-rafael-souza.jpg)
Ariano Suassuna recebeu homenagens do Carnaval 2014 em um trono especial. Foto: Rafael Souza/Rádio Jornal
Este ano, a maior agremiação carnavalesca do mundo, o Clube De Máscaras Galo da Madrugada, homenageou o escritor paraibano. Nas alegorias, os destaques eram para as obras A pedra do reino, Cavalgada e o Auto da Compadecida, peça teatral levada para a televisão e para o cinema. Ouça uma trecho de entrevista com ele feita pelo jornalista Rafael Souza e exibida em março.
O presidente do Galo da madrugada, Rômulo Menezes, relembra o convívio com essa personalidade nordestina:
A trajetória literária de Ariano Suassuna se confunde com o drama pessoal de perder o pai, assassinado por motivos políticos durante a Revolução de 1930.
O legado é vasto com as peças teatrais Uma mulher vestida de sol, O casamento suspeitoso e O santo e a porca; os romances história de amor de Fernando e Isaura e A pedra do reino e o príncipe do sangue do vai e volta e muitas outras obras.
O escritor Raimundo Carrero afirma que o colega das letras tinha uma visão ampla, sociológica e filosófica de mundo:
O escritor Ariano Suassuna também era um dos imortais das academias Pernambucana e Paraibana de Letras. O presidente da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Holanda Cavalcanti, fala da importância do Nordestino:
Leia também: O Armorial está em todo lugar
No futebol, o escritor não escondia a paixão pelas cores vermelha e preta do Sport Clube do Recife. O dramaturgo era um frequentador assíduo do estádio da Ilha do Retiro, de onde acompanhou os títulos nacionais de 1987 e 2008.
![Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press](https://img1.ne10.uol.com.br/radiojornal/imagens/noticia/2014/07/ariano-sport-Foto-Aldo-Carneiro-Pernambuco-Press.jpg)
Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press
O presidente do Sport, João Humberto Martorelli, afirma que Ariano Suassuna faz parte da história do Leão:
Como militante socialista, Ariano Suassuna participou ativamente de campanhas eleitorais, além de ter ocupado cargos como o de secretário de Educação e Cultura do Recife, de 1975 a 1978; secretário de Cultura de Pernambuco, entre 1994 e 1998, durante governo de Miguel Arraes, e da Assessoria Especial do Governo de Pernambuco, na gestão de Eduardo Campos, desde até abril de 2014. O cientista Político, Hely Ferreira, analisa o papel do intelectual nordestino no contexto da política.
Personalidades e anônimos prestam última homenagem no velório do intelectual Ariano Suassuna.
>> Em Brasília, autoridades se rendem à importância do escritor poeta e dramaturgo Ariano Suassuna
>> Curiosidades
![A última vez que Ariano foi flagrado deitado no chão de um aeroporto foi em 15 de abril, em Brasília. Foto: reprodução/internet](https://img1.ne10.uol.com.br/radiojornal/imagens/noticia/2014/07/ariano-1.jpg)
A última vez que Ariano foi flagrado deitado no chão de um aeroporto foi em 15 de abril, em Brasília. Foto: reprodução/internet
Não era um ato incomum do escritor esperar pelo voos deitado no chão dos aeroportos por onde passava. Ariano dizia que o ambiente era desconfortável e preferia esperar assim. Assessor do artista por mais de 10 anos, Alexandre Nóbrega escreveu "O decifrador", no qual conta essa e outras peripécias do escritor.