"Prisão é o lugar último onde a segurança esbarra e o primeiro onde se renova", diz pesquisadora

Da Rádio Jornal
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Publicado em 27/08/2014 às 11:00
Com informações da Agência Brasil Após cinco presos da Penitenciária Estadual de Cascavel (PR) terem sido mortos, 25 pessoas terem sido feridas e dois agentes penitenciários terem sido feitos reféns durante uma rebelião que durou mais de 40 horas e destruiu boa parte da unidade prisional, a Defensoria Pública do Paraná espera que o governo estadual adote medidas já reivindicadas há tempos, como a contratação de mais agentes penitenciários. Vamos procurar discutir com o governo formas de resolver problemas crônicos, como a falta de agentes penitenciários, mas não descartamos, se necessário, entrar com uma ação judicial, disse o defensor público Eduardo Abraão A defensoria vai tomar as medidas que forem necessárias para tentar contornar esse problema, pois se certas medidas já eram necessárias, agora, se tornaram extremamente urgentes. Abraão e uma equipe da Defensoria Pública de Cascavel acompanham a situação desde o início da rebelião. Ontem (25), ao entrar no presídio após o fim do motim, o defensor diz ter se deparado com um cenário de calamidade; um quadro de guerra. Segundo Abraão, os presos alegavam diversas razões para fazerem dois agentes penitenciários de reféns. Não havia uma única suposta causa, assim como não havia uma liderança bem identificada. Eles reclamavam da falta de material de higiene, da má qualidade da comida e até do descumprimento de alguns direitos, como ao estudo, ao trabalho e até ao banho de sol. Direitos que vinham sendo limitados em função do diminuto número de agentes penitenciários na unidade. De acordo com Abraão, a reclamação de presos quanto à impossibilidade de estudar e até trabalhar é recorrente entre presos de várias unidades prisionais do estado. Pelo que acompanhamos no nosso dia a dia, o número limitado de agentes penitenciários nas poucas unidades tem paralisado ou diminuído a oferta desses direitos. Em nota, a Secretaria Estadual de Justiça informou que seis novas cadeias públicas e seis centros de integração social estão sendo construídos em conformidade com conceitos arquitetônicos que tornarão as novas unidades mais seguras e adequadas às exigências da Lei de Execução Penal. Em entrevista à JC News com Antônio Martins Neto, Ronidalva de Andrade Melo, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, explica que a realidade dos presídios em Pernambuco, infelizmente não é diferente da do Paraná, e até de todo o Brasil: "A política penitenciária do Brasil não sai do lugar, não se desenvolve", afirmou. "Os candidatos dizem que vão reduzir a criminalidade, mas não falam em prisão. A prisão é o lugar último onde a segurança pública esbarra e o lugar primeiro onde ela se renova".