Plano diretor sem lei de uso e ocupação do solo e acessibilidade garantem sensação de que Recife é desordenado

Da Rádio Jornal
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Publicado em 20/11/2014 às 10:53

calçada Foto: Chico Porto / JC Imagem

Trânsito congestionado, obstáculos no caminho, calçadas danificadas: dificuldade na locomoção. Esta é a realidade de quem anda diariamente pelas ruas do Recife. Invasão do espaço público, ruas estreitas, muitos carros nas vias, ônibus lotados e um questionamento: por que a sensação de que o Recife é tão desordenado? [Ouça na reportagem especial de Elis Martins e Everson Teixeira]

Os problemas são os mais diversos: lixo nas calçadas, ambulantes nas ruas e nas calçadas, recuo mínimo entre imóvel e calçada desrespeitado. Só este ano, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife demarcou a calçada de 632 estabelecimentos, para dividir o que fazia parte do imóvel e o que era espaço. Mais de 1100 pinos de ferro foram retirados de calçadas, 41 rampas irregulares demolidas, 372 fiteiros removidos do entorno de escolas. E, mesmo assim, muitas construções irregulares ainda podem ser vistas ao circular pela cidade. A prefeitura afirma que 10 terrenos foram adquiridos para reorganizar o comércio informal e abrigar cerca de 4500 ambulantes.

34e1d97fa9f98f1196b2e23b761a91fd Foto: Divulgação / PCR

Segundo o secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga, a cidade perdeu a noção do controle urbano. De acordo com ele, o cenário de invasão do espaço público é encontrado tanto no centro, como no subúrbio da capital, e é uma realidade difícil de ser desconstruída.

Para o arquiteto César Barros, esses bloqueios que impedem o passeio do pedestre, nem sempre são os fiteiros que estamos acostumados a perceber. Essas irregularidades já estão tão entranhadas na paisagem do Recife que passam despercebidas. A apropriação da via pública, como na Rua Itaiapolis, no Bairro do Recife, é um exemplo. Além disso, construções avançam em parte do passeio público, uma delas é um estabelecimento que fica no Centro de Artesanato do estado, no mesmo bairro.

foto4_RB Foto: Bobby Fabisack / JC Imagem

PLANO DIRETOR-

O plano diretor do Recife aprovado em 2008 é um instrumento básico para o planejamento da cidade e implantação da política de desenvolvimento urbano. O documento, que tem validade de 10 anos, foi desenhado pelo o vereador Jurandir Liberal, do PT, mas ainda está incompleto: faltam o plano de mobilidade e acessibilidade e a lei de uso e ocupação do solo.

Recife, cidade secular, 477 anos. O desafio é que até 2037, daqui a 23 anos, a capital pernambucana seja economicamente potente, justa socialmente, com equilíbrio ambiental e seja também uma cidade com espaço urbano planejado.