A cidade de Garanhuns fica no Agreste Pernambucano, a 230 km do Recife. O município é um dos catorze integrantes da Bacia Leiteira do Estado e vem sofrendo com a falta de chuvas. De acordo com o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), nos últimos três anos choveu 1/3 a baixo do esperado. Para 2015 está prevista uma redução de mais 10%.
A Bacia Leiteira é responsável por 30% do PIB agropecuário de Pernambuco, com 80 mil produtores. De Acordo com a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária (ADAGRO), antes da estiagem iniciada em 2012, o rebanho bovino do estado era de 2,4 milhões de animais. No auge da seca, Pernambuco perdeu 1/3 dos animais, sendo que 240 mil animais morreram de fome e de sede. Além disso, produção de leite que era de 2,5 milhões de litros por dia, chegou a apenas 800 mil.
Para muitos agricultores, foi o momento de deixar o campo e ir pra cidade. Wilk Bezerra, por exemplo, morava na Zona Rural e viu família se separar quando teve que procurar emprego em Garanhuns. Já a pecuarista Antônia Machado viu a produção de leite na fazenda cair pela metade. Para não ter prejuízo, o jeito é vender o gado e até a fazenda. “Estou muito desgostosa. Eu criava porcos, galinha. Agora a gente planta, não colhe... Minhas vacas davam 8 litros de leite, agora só dão 4. Estou vendendo e ninguém quer comprar”, desabafa.
Apesar das perdas, a região está se recuperando. Hoje já são 2 milhões de animais, o que representa um ganho de 400 mil cabeças. Em Bodocó, por exemplo, a produção leiteira diária conseguiu retomar 90% do rendimento anterior. Quem traz os detalhes é o repórter da Rádio Jornal Garanhuns, Eduardo Peixoto.
De acordo com a gerente Geral da ADAGRO, Erivânia Camelo, explica que a luta recuperação da Bacia Leiteira é um esforço coletivo. Enquanto o Governo do Estado ampliou o número de armazéns para a venda do milho da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e investiu na aquisição e distribuição de palma para a alimentação dos rebanhos, o governo federal, garantiu financiamentos para a reposição dos animais perdidos.
Agora a maior preocupação é o clima. “Vamos levar de 8 a 10 anos para voltar a ter uma produção normal, se chover”, diz Erivânia Camelo.
Nesta sexta-feira (9), na série “Do Cais ao Sertão: os caminhos da seca em Pernambuco”, você acompanha as dificuldades do cultivo irrigado no Sertão de Pernambuco. A série tem produção de Luiza Falcão, Natália Hermosa e Rafael Souza; coordenação de Carlos Moraes e trabalhos técnicos de Evandro Chaves.