O vírus que possivelmente causa a microcefalia nos bebês do Nordeste brasileiro pode ainda provocar doenças neurológicas em adultos e crianças. É o que aponta um estudo elaborado pelos médicos do Hospital da Restauração, centro de referência médica de Pernambuco. Do mês de janeiro a junho deste ano, seis pacientes no estado já foram confirmados com problemas no cérebro em decorrência do zika vírus.
Quatro deles tiveram a Síndrome de Guillian-barré, que começa com uma paralisia nos membros inferiores, passa para os superiores e chega a afetar a respiração. Outros dois pacientes foram diagnosticados com encefalomielite aguda disseminada, doença que provoca desorientação, apatia, convulsões e déficit motor. Todos apresentaram as enfermidades até 30 dias depois dos primeiros sintomas da virose provocada pela zika: manchas pelo corpo, dor nas articulações ou febre.
De acordo com a neurologista coordenadora da pesquisa, Maria Lucia Brito, dois desses pacientes já se recuperaram, três ficaram com sequelas e outro ainda tem graves problemas neurológicos. A médica detalha como os estudos começaram, no mês de abril. “Começamos a identificar que havia um crescimento, quando comparado aos anos anteriores e começamos uma força-tarefa nesse sentido de toda a equipe, na busca de identificar a possibilidade de envolvimento de uma arbovirose”.
Este ano, o hospital da restauração registrou 131 casos de pacientes que desenvolveram doenças no sistema neurológico depois de apresentarem quadro de virose. Desses casos, 69 voltaram para a unidade de saúde para serem reavaliados. Dos 69 pacientes, 42 pessoas já foram confirmadas terem a Síndrome de Guillian-barré, número bem maior do que ano passado, quando 14 casos foram registrados no estado. 27 pessoas tiveram outras doenças no sistema nervoso.
Todos passaram por exames e sangue ou liquido da coluna foram colhidos para analise em laboratório. Segundo a neurologista Maria Lucia Brito, com o resultado a relação do zika vírus com as doenças de mais pessoas deve ser confirmada. Mesmo diante dos dados, a médica alerta que a população não deve se desesperar.
O zika vírus é transmitido, assim como a dengue e a chikungunya, pela picada do mosquito Aedes aegypti. O mosquito se prolifera em águas limpas e paradas e a orientação dos médicos e especialistas é retirar das casas objetos que acumulem água, a exemplo de garrafas e jarros de plantas com pratos.