SAÚDE

Novos medicamentos contra hepatite C fornecidos pelo SUS começam a ser distribuídos em Pernambuco

Três novas drogas compradas pelo governo federal no exterior irão beneficiar 409 pacientes pernambucanos

Com informações de assessoria
Com informações de assessoria
Publicado em 17/12/2015 às 9:15
Foto: reprodução/ Twitter TV Jornal


Reportagem de Clarissa Siqueira

A partir desta quinta-feira (17), 409 pacientes começam a receber os novos medicamentos para o tratamento da hepatite C. Eles fazem parte do primeiro grupo beneficiado com as novas fórmulas compradas no exterior pelo governo federal. O novo tratamento dobra as chances de cura em relação à terapia convencional, além de ter menos efeitos colaterais.



Para marcar esse avanço na saúde pública, o secretário de Saúde, Iran Costa, visitou o Instituto do Fígado de Pernambuco, onde foi feita a entrega do medicamento a pacientes. A presidente do Instituto, Leila Beltrão, diz que o tratamento vai mudar a história natural da hepatite C. "Até o ano passado, nós tínhamos um medicamento que fazia a cura desses pacientes em torno de 30% a 40% e era injetável. Hoje a medicação é inteiramente oral, que precisa ser tomada por um período muito mais curto e é administrado por via oral", diz. Leila explica que a doença é assintomática e pode matar. "O fígado chora calado", diz.

NOVIDADE – Os novos medicamentos, sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir, são fabricados no Canadá, Estados Unidos e Holanda e foram adquiridos pelo Ministério da Saúde. Eles serão disponibilizados aos pacientes pela Farmácia de Pernambuco, programa de medicamentos excepcionais e de alto custo do Governo de Pernambuco.

As medicações vão beneficiar pacientes que não podiam receber os tratamentos ofertados anteriormente - entre eles, os portadores de coinfecção com o HIV e cirrose descompensada, pré e pós-transplantados e pacientes com má resposta à terapia com interferon, ou que não se curaram com terapia prévia.

De acordo com o Ministério da Saúde, os novos medicamentos dobram as chances de cura da hepatite em relação ao tratamento até agora aplicado, que incluía a injeção de remédios com efeito colateral. No modelo convencional, as chances de cura variam de 40% a 47%, após tratamento realizado entre 48 e 52 semanas. Já a nova terapia, via oral, tem um período de cura entre 12 e 24 semanas.

A hepatite C é causa pelo vírus VHC e prioritariamente transmitida pelo contato com sangue contaminado, vias sexuais e transmissão vertical (da mãe para o bebê durante a gravidez ou na hora do parto), além do compartilhamento de seringas, agulhas ou de instrumentos para manicure, pedicure, tatuagem e colocação de piercing. A tendência é que o paciente desenvolva a forma crônica da doença, que provoca lesões graves no fígado, podendo levar a complicações como cirrose, câncer no fígado e insuficiência hepática.

Em 2013, foram confirmados 385 casos de hepatite C em Pernambuco. Em 2014 foram 387. Neste ano, já são 112 confirmados e 129 em investigação.

TRATAMENTO - O Instituto do Fígado existe há dez anos e é uma associação privada sem fins lucrativos. Ele atua na pesquisa, prevenção e tratamento das doenças do aparelho digestivo, principalmente as hepáticas. O local, que possui estrutura para o diagnóstico e tratamento de pacientes portadores de doenças do fígado, atende exclusivamente pelo SUS.