MEMÓRIA

Dossiê comprova manobra do regime militar contra Dom Helder Câmara

Como consequência, Dom Helder deixou de receber o Prêmio Nobel da Paz. Ele foi indicado quatro vezes

Da Rádio Jornal
Da Rádio Jornal
Publicado em 18/12/2015 às 16:35

A atuação de destaque na luta pela democracia e ajuda na resistência dos pobres, chamou a atenção do mundo e logo fez Dom Hélder Câmara ser indicado por quatro vezes a premiação do Nobel da Paz.

Entre os anos 1970 e 73, manobras políticas do governo brasileiro na época da ditadura mudaram o resultado do Nobel da Paz, como explica Fernando Coelho, coordenador da Comissão da Verdade em Pernambuco. “É uma documentação oficial do Itamaraty e da embaixada do Brasil, na Noruega, dando notícias das providências que estavam tomando e depois prestando contas do resultado desse trabalho”, detalhou. “Essa troca de correspondências oficial se desenvolveu durante as vezes em que Dom Hélder foi indicado, que apesar do favoritismo que era anunciado pela imprensa internacional, não recebeu o prêmio”, contou.

O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, considerou o esclarecimento dos fatos como um presente de natal.

O caderno especial “A Atuação da Ditadura Militar Brasileira contra a Indicação de Dom Helder Câmara” é o resultado da coleta de informações de abusos, e torturas cometidos pelo regime ditatorial distribuídas em 229 páginas. Uma forma de reescrever a história do Brasil no período.

Confira na reportagem de Rafael Carneiro:

Para o governador Paulo Câmara é um importante passo no reconhecimento a verdade sobre o que ocorreu com o então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder. “Foi um brasileiro que buscou a democracia, buscou ajudar os pobres e foi muito perseguido. E essa história não foi contada como deveria ter sido”, destacou.

Ainda sobre a Comissão Estadual da Memória e Verdade de Pernambuco, instituída em 2012 pelo então governador Eduardo Campos, o estado pretende criar um memorial da verdade com os documentos recolhidos para acesso do público.