As conversas entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma foram interceptadas a partir de um grampo no início da tarde desta quarta-feira (16). Já as conversas entre o ex-presidente e o ministro Jaques Wagner foram interceptadas no dia 4 de março, logo depois de Lula prestar depoimento na sede da Polícia Federal, em São Paulo.
A linha telefônica de Lula vinha sendo grampeada, pelo menos, desde o dia 19 de fevereiro. No despacho, o juiz federal Sérgio Moro diz que as gravações ficaram públicas por conta do interesse público e da previsão de publicidade dos processos.
Em sua decisão, Moro justifica que a liberação dos grampos faz parte da democracia, que exige que as pessoas conheçam a atuação dos governantes, mesmo quando eles agem pelas sombras. Ele, no entanto, acredita que o ex-presidente sabia que estava sendo grampeado.
Em nota, a presidente Dilma repudiou com veemência a divulgação da conversa entre ela e Lula. Para ela, o fato viola a lei e afronta os direitos e garantias da presidência.
De acordo com a petista, todas as medidas judiciais e administrativas vão ser adotadas contra a invasão de privacidade cometida pelo juiz Sérgio Moro. Para o advogado de Lula, Cristiano Zanin, o juiz Sérgio Moro extrapolou todos os limites e diz que o grampo foi ilegal.
A divulgação das interceptações telefônicas acontece no dia em que Lula foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil. A nomeação do petista foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União de ontem.
O ex-presidente assume a pasta no lugar do baiano Jaques Wagner, que foi transferido para a chefia de gabinete da presidência. Lula assinou o termo de posse, mas o documento ainda não possui a tinta da caneta de Dilma.
Em comunicado, a presidência informa que a posse do novo ministro está marcada para às 10h. Além de Lula e Wagner, Dilma dará posse aos novos ministros da Justiça, Eugênio Aragão, e da secretaria de Aviação Civil, Mauro Lopes.