INVESTIGAÇÃO

Políticos começam a se pronunciar sobre lista da Odebrecht

A lista seria de suposto pagamento de propinas. Mais de 200 políticos de 18 partidos políticos aparecem

Da Rádio Jornal
Da Rádio Jornal
Publicado em 23/03/2016 às 15:45


Numa lista divulgada nesta quarta-feira (23) supostamente de planilhas preparadas pela Odebrecht para pagamento de propinas para mais de 200 políticos de 18 partidos políticos em todo país. Na lista, aparece, entre outros nomes, o do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Ele aparece com o apelido de “caranguejo”.

A relação mostra 16 políticos de Pernambuco. Anteriormente, a Rádio Jornal havia falado em 11 pessoas citadas na lista da Odebrecht.

Questionado pela Rádio Jornal, Cunha gargalhou e disse que recebeu sim dinheiro da Odebrecht, mas tudo no caixa um. “Várias empresas fizeram doação. Não sei exatamente qual é. Certamente para minha campanha não foi e se eu pedi foi para o PMDB e alocada em outras campanhas”, disse. “A Odebrecht doou ao PMDB e doou até, em alguns momentos, a meu pedido”, contou.

Os detalhes na reportagem de Romoaldo de Souza:

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, que apareceu na lista da Odebrecht, disse que é importante separar o ‘joio do trigo’. “Não precisava nem dessa divulgação. Basta apenas olhar as declarações de campanha de todos os candidatos”, apontou.

O vice-líder do governo, Silvio Costa, chamou a oposição de mais incoerente da história. “Antes de sair essa lista da Odebrecht, a oposição dizia que toda doação oficial feita ao PT, aos partidos da base eram fruto do Petrolão”, disse. “Agora que eles apareceram na lista da Odebrecht eles estão dizendo que é preciso separar”, destacou.

“Por isso que essa oposição não tem qualidade ética para derrubar a presidente Dilma”, criticou.

Confira os detalhes na reportagem de Romoaldo de Souza:

Outro político que também está na suposta lista da Odebrecht é o deputado pernambucano Raul Jungmann (PPS). Ele aparece como o “broto”, mas falou com os jornalistas, nesta quarta-feira, sobre uma ação que o PPS e o PSDB estão entrando no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Ministério Público acusando o Ministério do Itamaraty de fazer apologia.

Segundo Raul Jungmann, o Ministério das Relações Exteriores divulgou um comunicado interno convidando vários integrantes do corpo diplomático para aquele comício que houve nessa terça-feira (22), no Palácio do Planalto em defesa do mandato da presidenta Dilma Rousseff.

O Palácio do Planalto falou sobre convidar integrantes do corpo diplomático é porque seria um ato em defesa da democracia no país, independentemente de quem fosse o presidente da República.

Confira a lista dos pernambucanos:

Armando Monteiro Neto (PTB)

Betinho Gomes (PSDB)

Bruno Araújo (PSDB)

Daniel Coelho (PSDB)

Eduardo Campos (PSB – falecido)

Elias Gomes (PSDB)

Ettore Labanca (PSB)

Fernando Bezerra Coelho (PSB)

Geraldo Júlio (PSB)

Humberto Costa (PT)

Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB)

Mendonça Filho (DEM)

Pedro Eugênio (PT – falecido)

Raul Jungmann (PPS)

Severino Branquinho (PSB)

Vado da Farmárcia (PSB)

RESPOSTA

Por meio de nota, os políticos citados estão se justificando. O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), disse ficou muito tranquilo com o fato do seu nome constar como provável beneficiário de doação da Odebrecht, na campanha de 2012. Segundo ele, está claro na sua prestação de contas aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral, que o Diretório Estadual do PSDB doou R$ 200 mil à sua campanha.

O deputado Daniel Coelho (PSDB) disse que tem a tranquilidade de não ter recebido absolutamente nada além do que foi declarado oficialmente no período eleitoral. Segundo ele, em maio de 2012 não havia sequer a confirmação de que ele seria candidato.

O deputado Mendonça Filho (DEM) disse que a sua campanha para prefeito do Recife em 2012 recebeu doação empresarial da Odebrecht de forma legal, repassada por meio das contas do Democratas, conforme prestação de contas feita à Justiça Eleitoral e disponível ao público. O deputado destacou, ainda, que é importante separar a doação empresarial legal, permitida então pela Lei Eleitoral, e contribuições ilegais derivadas de corrupção, as quais são investigadas pela Operação Lava Jato.

O senador Humberto Costa (PT) falou que a prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral mostra que não houve qualquer doação da Odebrecht à campanha dele em 2012. A nota diz ainda que "o que pode ter ocorrido, se efetivamente houve a doação, é que ela tenha sido feita diretamente ao PT Nacional, que repassou cerca de R$ 1,7 milhão para contribuir com a campanha do senador em 2012, conforme registrado na mesma prestação de contas".

Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB) disse que "todas as doações de campanha que recebeu em 2012, quando tentou uma vaga para Câmara de Vereadores do Recife, foram declaradas e aprovadas. Dentro dessa prestação existem doações de empresas privadas, pessoas físicas e dos diretórios estadual e nacional do PMDB, meu partido. Tudo formalizado, seguindo as orientações legais e disponibilizado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)".

O deputado Raul Jungmann (PPS) confirmou que recebeu o valor de R$ 100 mil de empresas do Grupo Odebrecht para a sua campanha. Segundo ele, "este valor foi apresentado na prestação de contas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), devidamente aprovada sem restrições".