ENTREVISTA

Cristovam Buarque: Temer agiu com candidato e não como vice-presidente

Para senador Cristovam Buarque, a situação do Brasil “pega fogo” tanto com Dilma tanto com Temer

Da Rádio Jornal
Da Rádio Jornal
Publicado em 18/04/2016 às 10:41
Foto: Arquivo/Agência Senado


Senador pelo Distrito Federal, mas pernambucano de nascença, Cristovam Buarque (PPS) não está otimista com o futuro do país nos próximos meses. Em,entrevista ao programa de Geraldo Freire na manhã dessa segunda-feira (18), o senador disse que ainda falta um tempo para o país se pacificar.

Para Cristovam, as chances da presidente Dilma Rousseff (PT) se manter no poder, após a Câmara dos Deputados encaminhar para o Senado o pedido de impeachment, são muito reduzidas: “Dilma só se salva com uma tragédia. Temer precisa ter um começo ruim e a Operação Lava Jato precisa chegar nele”, declarou.

Contudo, o senador se mostra desanimado e temeroso com o que pode vir a ser um governo do hoje vice-presidente Michel Temer (PMDB): “Se não acontecerem vários fatores, o governo Temer pode fracassar. Não sei se ele terá a grandeza de renunciar ou fará suicídio de fazer um governo que não vai se sustentar”, afirmou.

Buarque defende novas eleições e acredita que se a presidente e o vice renunciarem, a situação se “pacifica”. Ele discorda que não existam candidatos a presidente no momento: “Tem a Marina Silva (Rede), o próprio Lula (PT) e até o Serra (PSDB), as pessoas vão ter opção”, acredita. O senador, contudo, não pensa em se candidatar a presidente no momento. Cristovam foi candidato a presidente em 2006.

IMPEACHMENT

O senador criticou a forma da votação do impeachment na Câmara nesse último domingo (17): ”Parecia uma eleição entre Dilma e Temer. Na votação de Collor, Itamar Franco (ex-presidente, falecido em 2011) só apareceu depois da votação, ao contrário do que fez Temer”. Ele criticou a postura de Temer: “Ele não teve postura de vice-presidente, agiu como candidato a presidente”.

Cristovam Buarque também alertou sobre a gravidade da participação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), réu por corrupção no STF, na condução do processo: “Cunha foi elemento chave e isso é grave. Impeachment não pode ser julgado com um candidato posto para o local”, afirmou . O Senador ressaltou ainda o caráter classista da batalha do impedimento: “O debate teve um componente de classe. As classes conservadoras se alinharam pelo impeachment. A FIESP fez campanha ferrenha na imprensa e do outro lado estavam os movimentos sociais”, declarou.