Juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), estão no Recife para acompanhar se o Governo de Pernambuco cumpriu a medida para solucionar os problemas do Complexo Prisional do Curado, localizado na Zona Oeste do Recife. Durante a manhã desta quarta-feira (8) acontece uma audiência entre representantes da OEA e o Governo do Estado. À tarde o órgão faz uma visita de inspeção nas unidades do Complexo.
Após a conclusão da avaliação, caso haja necessidade, a Corte apresenta novas as medidas cautelares para solucionar o problema da unidade. Dentre os principais problemas do local estão a presença de detentos em funções de agente como o caso de chaveiro; assim como danos à integridade física dos presos; condições estruturais e de segurança precárias. A OEA também avalia a vulnerabilidade dos presos LGBTs e problemas de assistência médica e sanitária, como exposição a doenças como Aids e tuberculose.
O promotor da vara de execuções penais, Marcellus Ugiette, fala sobre a expectativa para as conclusões da Corte e a situação do complexo. “O ambiente densamente povoado, com cerca de 100 mil habitantes e seis bairros, já não comporta mais aquela unidade prisional. O mais correto era desativar gradativamente aquelas unidades prisionais”, disse. “É uma unidade com quase 8 mil presos, sem que haja agentes penitenciários suficientes, com presos tomando conta dos presos. Os traficantes é que mandam dentro da unidade prisional”, completou.
Dez dias depois da segunda explosão de uma bomba na unidade, moradores das proximidades dizem que ainda não foram ressarcidos dos danos causados em suas residências e que não estão sendo assistidos. A moradora Daniele Rodrigues diz que nenhuma casa foi vistoriada pela Defesa Civil. A primeira explosão foi em abril.
Na manhã desta quarta-feira, moradores dos bairros próximos ao Complexo Prisional do Curado vão se reunir em frente ao Ministério Público Federal, onde vai acontecer a audiência da Corte da OEA. Eles pretendem pedir pela permanência das residências no local.
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O Governo de Pernambuco anunciou pretende remover 55 imóveis para reforçar a segurança da unidade. A medida é uma resposta as tentativas de fugas desde janeiro deste ano que incluíram explosões nos muros do Complexo.
DIREITOS HUMANOS - Em setembro de 2015, a Corte Interamericana julgou o Pernambuco por denúncias de superlotação e maus-tratos nos presídios do Estado. Na audiência, que aconteceu na Costa Rica, integrantes de movimentos em defesa dos direitos humanos aproveitaram para fazer novas denúncias contra o sistema prisional do Estado.
A OEA também esteve em Pernambuco em 2008, quando foram constatados desrespeitos aos direitos humanos, à segurança pública e à tarnsmissão de doenças entre a população carcerárea. De acordo com a Corte, se nenhuma providência for tomada, o Brasil pode ser condenado internacionalmente
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