VÍRUS

Pesquisa alerta para complicações em crianças expostas ao zika, mas sem microcefalia

Pesquisa da Fundação Altino Ventura e Universidade de São Paulo constatou problemas na visão provocados pelo vírus zika em crianças sem a malformação. Nota técnica será enviada ao Ministério da Saúde

Rádio Jornal
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Publicado em 09/06/2016 às 12:21
Fundação deve enviar nota técnica ao Ministério da Saúde explicando a situação preocupante
Foto: Agência Brasil

Bebês sem microcefalia, mas que tiveram contato com o vírus zika durante a gestação da mãe, podem desenvolver problemas neurológicos, visuais e auditivos. O primeiro caso assim foi registrado em Pernambuco e descrito em um estudo divulgado nesta quinta-feira (9), elaborado pela Fundação Altino Ventura e pela Universidade de São Paulo.

Depois da descoberta, a fundação deve enviar o mais rápido possível para o Ministério da Saúde uma nota técnica explicando que, mesmo que a criança não apresente microcefalia, deve fazer exames específicos de visão e neurológicos.

De acordo com a médica oftalmologista Camila Ventura, a primeira criança registrada com o problema, atualmente com seis meses, chegou à fundação apresentando espasmos motores, calcificações do cérebro e outras alterações neurológicas. Porém, a menina tem a cabeça no tamanho considerado padrão e, segundo a médica, a mãe não teve sintomas do zika.

Confira os detalhes na reportagem de Isabela Dias:

A presidente da Fundação Altino Ventura, Liana Ventura, orienta que a população não pode se alarmar, mas defende que o exame oftalmológico completo seja feito em todas as crianças que nasçam nesse período de epidemia do vírus.“Aquele critério de corte das crianças só serem examinadas quando tiverem microcefalia precisa ser revisto”, disse. "Se trata de uma síndrome que tem anomalias e disfunções e todos os bebês deviam ser submetidos a exames neurológicos e oftalmológicos”, completou.

Presidente da FAV, Liana Ventura, e a oftalmologista Camila Ventura
Foto: Clarissa Siqueira/ Rádio Jornal

Dados da Secretaria de Saúde apontam que em Pernambuco 68 bebês sem microcefalia já entraram no sistema como casos de malformação por apresentarem alterações nos exames neurológicos.

Leia também: Pernambuco notificou 1987 casos suspeitos de microcefalia em 10 meses

MICROCEFALIA EM PERNAMBUCO

Atualmente em Pernambuco há 363 casos confirmados de microcefalia. Entre eles, 294 já foram examinados pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães/Fiocruz e o Instituto Evandro Chagas,com confirmação para 164 casos de microcefalia relacionados ao vírus zika. Outros 126 casos deram negativos e 04 inconclusivos.