TRADIÇÃO

Sincretismo religioso e festa profana na Procissão dos Santos Juninos

No Nordeste, junho é o mês de São João. Na procissão, também há lugar para Santo Antônio, São Pedro, São José e até Xangô

Da Rádio Jornal
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Publicado em 19/06/2016 às 19:38
Foto: Marcela Balbino/Jornal do Commercio


A mistura entre o “sagrado” e o “profano” é uma das principais marcas do período junino no Nordeste Brasileiro. Isto por que o período da colheita do milho e início do inverno coincide com a festa de Xangô na Umbanda e de São João na Igreja Católica. Isso sem falar na verdadeira comilança das delícias do período, quase uma unanimidade para os moradores da Região. Regando a festa, não pode faltar forró. Oxe!

A Procissão dos Santos Juninos é uma dessas marcas do sincretismo. Neste domingo (19), o cortejo das bandeiras dos santos juninos se concentrou em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, Zona Norte do Recife, onde os símbolos e seus carregadores foram abençoados. De lá, as bandeiras saíram em direção ao Sítio da Trindade, também na Zona Norte, acompanhadas de bandas líricas.

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Na descida do Morro, o cortejo ganhou a companhia do forró. Bandas líricas e integrantes da Associação dos Bacamarteiros de Pernambuco acompanham os andores de São João, Santo Antônio, São Pedro e São José. Os três primeiros são os chamados “Santos Juninos”, cujos dias são 13, 24 e 28 de junho. O último, comemora-se em 19 de março. Apesar da distância temporal, São José é fundamental para o “São João” no Nordeste. Se não chover no dia dele, o inverno será franco e vai falta milho. Em 2016, por exemplo, choveu.

Foto: Marcela Balbino/Jornal do Commercio


Para saudar - e acordar - São João, bacamarteiros de diversas gerações participaram da procissão. Reza a lenda que os primeiros bacamarteiros do Estado lutaram na Guerra do Paraguai e chegaram dando tiros para festejar a vitória. Se é verdade, ninguém sabe, mas a tradição não parou mais. Hoje, a diferença são os tiros. É só pólvora. Não machuca ninguém.

Foto: Marcela Balbino/Jornal do Commercio


A tradição da Procissão dos Santos Juninos, assim como muitas outras, teve seus dias de luto. Ela foi reorganizada pelo bloco bloco lírico “O Bonde”, junto com outros colaboradores. Hoje em dia, é o presidente d’O Bonde, Cid Cavalcanti, quem abre o cortejo, já que possui uma das bandeiras mais antigas.
O destino final do cortejo foi o Sítio da Trindade, onde um espetáculo em homenageou o Mestre Dominguinhos, falecido em 23 de julho de 2013. Uma parceria entre o Quinteto Violado e a Quadrilha Raio de Sol encenou a atração Sonho de Menino, Domiguinhos Tocador.

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