ENTREVISTA

"Se Temer tirar ministro da Justiça, tem que demitir toda cúpula da PF", diz presidente dos Procuradores

Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti falou no Passando a Limpo

Rádio Jornal
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Publicado em 28/09/2016 às 9:54
Presidente da ANPR concedeu entrevista à Rádio Jornal. Foto: ANPR


Em entrevista à Rádio Jornal nesta quarta-feira (28) o Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, defendeu que declarações do ministro da Justiça, Alexandre de Moraess sobre Operação Lava Jato não foram reveladoras e nem deveriam acarretar sua demissão. Dentro do quadro Passando a Limpo, Robalinho defendeu que "se o ministro tivesse que cair, teria que cair toda cúpula da Polícia Federal junto. Temos que analisar isso com mais cautela".

Ouça aqui a entrevista completa:

Robalinho define declaração no ministro como "infeliz", mas não considera comprometedora. "Se partisse da premissa que o ministro revelou de fato uma operação, a conclusão teria que ser demissão mesmo, mas o ministro nega esse fato. Eu vi a entrevista, ele realmente fala que vai ter operação esta semana, mas num contexto coloquial. Foi uma declaração infeliz, mas foi coloquial, quando ele diz que vai continuar a operação é uma informação óbvia. É uma questão de interpretação".

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O presidente destaca que a cúpula da Polícia Federal é a mesma que estava no governo Dilma e que a PF também declarou não repassar para o ministro as informações sobre as operações. "O ministro foi inoportuno na declaração, mas não me parece ter feito uma declaração de algo que realmente ocorreu, porque ele nao tinha essa informação pra revelar, então não é motivo para queda dele".

CIRO GOMES

José Robalinho comentou ainda as repercussões da opinião pública a respeito da Operação Lava Jato e avaliou também a declaração feita pelo ex-ministro Ciro Gomes, que disse estar disposto a prestar solidariedade a Lula caso ocorresse uma prisão arbitrária. Robalinho avalia que Ciro "sempre se caracterizou por declaracoes politicas infelizes".

Em junho, Ciro sugeriu "sequestrar lula". "Se a gente formar um grupo de juristas, a gente pode pegar o Lula e entregar numa embaixada. À luz de uma prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite. Proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito", disse Ciro à época.