O ministro da Educação, Mendonça Filho, considerou que houve êxito na realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no último fim de semana, quando mais de cinco milhões e 800 mil candidatos fizeram os exames. O índice de abstenção no País foi de 30%, sem considerar os 271 mil estudantes que terão de esperar os dias 3 e 4 de dezembro, porque fariam as provas nos prédios das instituições ocupadas por estudantes contrários à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, antiga PEC 241.
Em Pernambuco, o percentual de estudantes que deixaram de fazer o Enem foi de 28,5%. Para o ministro da Educação, apesar dos protestos, em mais de 400 escolas, a reforma do ensino médio, um dos motivos das ocupações, seguirá sendo debatida no Congresso Nacional. “O que defendo é a urgência da reforma. Temos um ensino médio que desde 2011 não alcança o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e em que constam 1.700.000 jovens que nem trabalham nem estudam e deveriam estar na escola”, disse Mendonça Filho.
Entre os primeiros a deixar os locais de prova neste fim de semana, estava o estudante de Administração Rodrigo Tenório, 22, que pretende cursar Jornalismo. Para ele, as maiores dificuldades estavam na prova de Matemática. "Não sou muito bom em exatas, mas foi relativamente bom. Sempre tive maiores notas na redação e nas disciplinas de ciências humanas", disse. Os gabaritos oficiais das provas objetivas serão divulgados na página do Inep e no aplicativo do Enem até esta quarta-feira (9). O resultado final deverá ser liberado apenas em janeiro do ano que vem. Em Pernambuco, mais de 16 mil estudantes tiveram as provas adiadas.
O tema da redação, que abordou a intolerância religiosa no Brasil, agradou muitos candidatos. No Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco, as provas foram aplicadas no Centro de Tecnologia e Geociências (CTG), no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) e no Colégio de Aplicação. Já os centros de Artes e Comunicação (CAC), Educação (CE) e de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) foram alguns dos que permaneceram ocupados durante todo o fim de semana.
FRAUDES
A Polícia Federal realizou duas operações para prender alunos que usavam equipamentos eletrônicos e recebiam informações privilegiadas, com as respostas das questões. O delegado Franco Perazzoni, disse que, entre as pessoas presas, algumas faziam o exame dando garantia de aprovação em cursos de difícil acesso nas universidades federais. "Você verifica que um determinado gabarito se repete por um grupo de pessoas e aquele mesmo grupo de pessoas recebe um novo gabarito de outra pessoa. A modalidade mais comum de fraude a concursos públicos é chamada de piloto, em que a pessoa, especialista em uma disciplina, responde as questões e transmite para uma central, que recebe e passa aos alunos", explicou o delegado.
O Governo Federal ainda não tem o custo total de quanto será gasto para realizar as provas dos dias 3 e 4 de dezembro, mas Mendonça Filho acredita que o valor deve chegar a R$ 12 milhões. "Tínhamos que administrar a situação com o mínimo possível de conflito e o máximo de segurança, preservando o interesse das pessoas. Não dava para sair dessa situação com o saldo simplesmente sem alteração para ninguém", disse.