O Consultório de Graça desta sexta-feira (18) trouxe à tona o tema "transtornos da identidade de gênero", falando sobre o desconforto causado pela inadequação ao gênero imposto no nascimento. Para falar sobre o assunto com a comunicadora Graça Araújo, foram convidados o advogado Nirvana Leal, que é transexual e dono de uma empresa que lida com o comércio exterior e a psicóloga especialista em sexualidade humana Lúcia Soares. O advogado falou sobre sua trajetória como pessoa trans e sobre o preconceito que sentiu na adolescência.
Sobre a identificação como pessoa trans, Nirvana explicou que, desde criança, sempre se identificava com coisas socialmente tidas como masculinas, mesmo quando todos diziam que ele era uma mulher. “Com a internet, vemos as coisas bem mais claramente. Tive minha primeira namorada aos 13 anos, quando assumi que gostava de meninas. Aos 15, sofria preconceito por ser, à época, uma mulher gay. Foi aí que ganhei uma blusa ‘masculina’ e cortei o cabelo. Insatisfeito com meu corpo, comecei a frequentar academia e conheci os hormônios. Na academia também conheci uma pessoa que me apresentou a uma pessoa trans e foi aí que comecei a receber mais informações”, explicou.
Blogueiro, Nirvana escreve em um blog pessoal sobre as experiências de ser um homem trans, procedimentos médicos e sobre o cotidiano. De acordo com ele, os primeiros contatos com os hormônios foram sem acompanhamento médico, aos 17 anos. “Tentei 72 endocrinologistas do plano de saúde e nenhum aceitou, até que, aos 21 anos, consegui o acompanhamento com um médico particular. Hoje, a Universidade Federal de Pernambuco um setor responsável por essa questão hormonal. Em junho deste ano, fiz uma mastectomia para a retirada dos seios”, disse Nirvana.
Sobre o processo de transição, a psicóloga Lúcia Soares diz que a aceitação da família é fundamental para que toda a aceitação não seja traumática. “O que dá a grande diferença é tentar ver a situação com naturalidade. Uma grande parcela da população trans vive da prostituição, porque são renegados pela sociedade”, disse.
CONSULTÓRIO
Ouça abaixo a íntegra do debate: