
Documentos obtidos com exclusividade pela equipe da Revista ISTOÉ apontam que a lista de gestores investigados pelo Supremo Tribunal Federal ganhou quatro nomes pernambucanos de peso. Além do governador de Pernambuco Paulo Câmara, o prefeito do Recife Geraldo Julio, o senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado Tadeu Alencar engrossam a relação. Todos eles são do PSB.
O inquérito do Supremo, de acordo com a revista, investiga a suspeita de superfaturamento e irregularidades na construção da Arena Pernambuco, obra feita pela empreiteira Odebrecht. O despacho que autoriza o inquérito é sigiloso e foi autorizado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no último dia 3.
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O fato tem relação com a Operação Fairplay, deflagrada pela Polícia Federal de Pernambuco em 2015, mas está sendo tratado no Supremo como um desdobramento da Operação lava Jato. Ao longo do inquérito, os investigadores constataram indícios de envolvimento político com as irregularidades.
FORO PRIVILEGIADO
O governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife Geraldo Julio têm foro privilegiado no Superior Tribunal de Justiça, mas, como o inquérito também cita um deputado federal e um senador, todas as investigações sejam realizadas pelo STF. Os empresários da Odebrecht e da Andrade Gutierrez serão investigados em outro processo.
O repórter da rádio jornal em Brasília, Romoaldo de Souza, explica por que o Supremo decidiu por reunir as investigações. Nenhum dos citados pela Revista ISTOÉ se pronunciou sobre o assunto:
COMITÊ GESTOR
O procurador-geral acredita que existiam dois núcleos de atuação das irregularidades. O primeiro era composto pelas empresas envolvidas na construção da Arena Pernambuco, que ficou pronta em 2013 e custou R$ 479 milhões. O segundo núcleo incluia os Paulo Câmara, Geraldo Julio, Tadeu Alencar e Fernando Bezerra Coelho, que fizerma parte do Comitê Gestor de Parcerias Público-Privadas do Estado.
INVESTIGAÇÕES
De acordo com o procurador-geral Rodrigo Janot, há suspeitas de pagamentos feitos aos quatro políticos pernambucanos via doações oficiais da Odebrecht e da empresa Projetec, responsável pela auditoria da execução do contrato da arena, para campanhas eleitorais.
De acordo com o inquérito, Paulo Câmara teria recebido R$ 200 mil da Odebrecht para a campanha 2014, ano em que se elegeu governador. Já o senador Fernando Bezerra, teria recebido R$ 50 mil da Odebrecht e R$ 50 mil da Projetec. O relatório aponta que Tadeu Alencar teria recebido R$ 30 mil de cada uma delas.
Segundo a revista, pelo menos R$ 42 milhões nas obras da Arena Pernambuco foram superfaturados. Para chegar aos valores, Janot usou como base a perícia encomendada pela Polícia Fedaral durante a Operação Fair Play e o índice de favorecimento à Odebrecht pelo comitê gestor. O relatório aponta que a empreiteira foi contratada sem licitação para realizar os estudos e projetos, favorecendo-se para disputar e vencer a licitação.