Não existe uma pessoa do meio político, em Brasília, que não diga que a decisão de aceitar a demissão de Geddel Vieira Lima foi tarde demais. Demitir ou aceitar a demissão dele era algo que deveria ter acontecido na semana passada quando saíram as primeiras denúncias.
Envolvido em acusações de tráfico de influência Geddel Vieira Lima pediu demissão do cargo de secretário do Governo nesta sexta-feira (25).
O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, disse que o clima para o lado de Geddel era insustentável e não fazia sentido Michel Temer ficar esperando mais uma crise para afastar o agora ex-ministro da Secretaria de Governo. “Nada pior do que para um presidente do que ter que dispensar um amigo. Mas às vezes não tem jeito. Não é questão pessoal, é política”, disse FHC.
O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que Temer vacilou, demorou muito para tomar essas medidas e afirmou que elas vão provocar uma crise de relacionamento do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional. Jarbas ainda acrescentou que numa situação como essa a melhor saída é afastar o envolvido até que se prove a inocência. Se nunca provar, não tem motivo para voltar.
Confira os detalhes na reportagem de Romoaldo de Souza:
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (25), o presidente nacional do PMDB, o senador Romero Jucá, um dos que já caiu no governo de Michel Temer, disse que respeita a decisão de Geddel Vieira Lima e entende que a decisão foi tomada em caráter estritamente pessoal.
Jucá ainda disse que lamenta a saída de Geddel, que é um político experiente e estava dando uma importante contribuição ao cargo.
Temer comparado a Itamar Franco
Muita gente até lembra a gestão de outro fraco presidente, Itamar Franco. Assim que saiu uma notícia de que haveria corrupção no Ministério da Educação, o então presidente Itamar Franco afastou o Henrique Hargreaves, e esperou 92 dias até os fatos serem apurados. Como o ministro foi inocentado, Itamar Franco trouxe o ministro de volta sem qualquer problema.
Substituto
O nome mais forte até agora para assumir a Secretaria de Governo é o do deputado Darcísio Perondi (PMDB/RS). Ele foi o relator da PEC que trata do limite de endividamento do governo na Câmara dos Deputados.
Perón é muito amigo do ministro da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha. O problema é que mesmo sendo muito amigos e do mesmo partido, Perondi e Padilha são de grupos diferentes e tem interesses idênticos.
São de grupos diferentes porque Padilha não é do grupo chamado PMDB Histórico, como Perondi. E interesses idênticos é que tanto Perondi quanto Padilha querem ser governador do Rio Grande do Sul na próxima eleição.
Ex-ministro da Cultura se defende
O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, divulgou uma nota na tarde desta sexta-feira (25). Ele disse que a respeito das informações que foram disseminadas, segundo ele, do Palácio do Planalto de que teria solicitado uma audiência com o presidente Michel Temer para gravar conversas no gabinete presidencial ele negou.
“Durante minha trajetória na carreira diplomática e política, nunca agi de má fé ou de maneira ardilosa. No episódio que agora se torna público, cumpri minha obrigação como cidadão brasileiro que não compactua com o ilícito e que age respeitando e valorizando as instituições”, disse, por meio de nota.