PACOTE ANTICORRUPÇÃO

"Sérgio Moro quer se proteger", diz advogado sobre reação de juízes

Advogado criminalista defende alterações feitas pelo Congresso no pacote anticorrupção e diz que juizes e promotores também devem ser responsabilizados. Juiz Sérgio Moro foi criticado: "É uma medida pra ele se auto-proteger dos crimes que cometeu".

Rádio Jornal
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Publicado em 01/12/2016 às 11:06
Advogado de investigados na Lava Jato, Ademar Rigueira defende alterações deitas pelo Congresso no projeto contra a corrupção e critica juiz Sérgio Moro. Foto: JC Imagem

A quebra de braço entre membros da Justiça, do Legislativo e advocacia continua cada vez mais intensa. O advogado criminalista Ademar Rigueira, que tem clientes envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato, criticou o que chama de "corporativismo" de procuradores e magistrados e criticou o juiz responsável pela Operação Lava Jato, Sérgio Moro. A entrevista foi dada no "Passando a Limpo", da Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (1º).

Para Ademar Rigueira, a reação dos juízes foi desproporcional. Ele critica duramente a postura da força tarefa da Lava Jato, que ameaçou encerrar os trabalhos, e também acusou o juiz Sérgio Moro de se proteger: "A proposta de Sérgio Moro mutila completamente o que quer a população, pois dá margem que se cometam abusos pelos juizes. É uma medida pra ele se auto-proteger dos crimes que cometeu", declarou. Moro está em visita ao Senado nesta manhã apresentado uma proposta alternativa no projeto das 10 medidas contra a corrupção.

Sobre o pacote anticorrupção, fruto de um projeto popular que recolheu mais de dois milhões de assinaturas, o advogado criminalista criticou o projeto: "As medidas anticorrupção eram, excessivamente anti-democráticas e feriam o direito do cidadao de se defender. O novo texto trouxe novidades, tem pontos que podem ser discutidos, mas é melhor como está do que como foi apresentado pelo MPF", defendeu.

CRÍTICAS À LAVA JATO

O advogado criminalista diz que a Operação Lava Jato tem forte apelo popular, mas que isso é "perigoso". "A população quer que a Lava Jato continue, que politicos corruptos sejam punidos, como todo mundo quer. Tenho muito medo do momento político que estamos vivendo, se passarmos um pente na história, a mesma coisa ocorreu nos regimes totalitaristas.

O advogado criticou a auto-proteção dos juizes e procuradores: "Uma das medidas que a população está dizendo que foi um abrsudo foi a punicao mais severa de juizes e promotores. Quem conhece um processo contra um juiz? Isso não existe porque quando há um abuso de autoridade ele recorre ao ministerio público, que opina pelo arquivamento", observou.

Ele defendeu as alterações feitas pelo Congresso: "Esse projeto agora tira do corporativismo a proteção entre o Ministério Público e o juiz. Isso é importantíssimo num estado democrático de direito. O Ministério Público não pode fazer o que quiser e não ser punido por isso", defendeu.