ENTREVISTA

Sociedade critica corrupção de políticos, mas tolera a própria

Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassa avalia que a sociedade relativiza a corrupção

Rádio Jornal
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Publicado em 26/12/2016 às 11:06
Foto: reprodução de trecho da pesquisa


A maioria dos eleitores divide a corrupção em duas partes: existe a "parte política", que é condenável, mas quando o eleitor olha para dentro da sociedade ele tem uma tolerância maior para casos de corrupção do dia a dia. É o que aponta o levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, divulgado pelo JC em parceria com o Portal Leia Já, neste domingo (25).

De acordo com o cientista político Adriano Oliveira, responsável pela pesquisa, a sociedade relativiza a corrupção. "Existe uma tese no Brasil de que a Operação Lava Jato é pedagogica e que a ação dela fará diminuir as práticas de corrupção na sociedade, mas na minha tese ela é pedagógica somente na classe política e não na sociedade, pois a sociedade relativiza a corrupção. O que a pesquisa mostra é justamente o quanto os mesmos indivíduos que condenam a classe política praticam atos de corrupção". E o professor se pergunta, "será que a sociedade brasileira aceitaria uma Operação Lava Jato para a sociedade brasileira?"

Ouça aqui a entrevista que o comunicador Geraldo Freire fez com o cientista político no quasro Passando a Limpo desta segunda-feira (26):

Pesquisa

O levantamento feito pelo IPMN questionou os entrevistados sobre a postura e a opinião deles a respeito de pequenos casos de corrupção do dia a dia, como estar sem o documento do carro em uma blitz, estacionar em local proibido ou achar um celular perdido em um banheiro público. Confira aqui os resultados da pesquisa.

Eleições 2018

Adriano Oliveira avalia ainda os cenários possíveis para a eleição presidencial de 2018 e diz que não descarta Lula como candidato, embora acredite que seja preciso esperar a conclusão de toda a Operação Lava Jato. "Se o governo Temer for um sucesso isso reforça o discurso do golpe e o fracasso do governo Temer com a vitimização de Lula ressucita ele para 2018", avalia o professor. Adriano avalia que se em 2018 Lula for candidato o voto nele pode ser de vinganca, pode ser motivado pela vitimização dele ou ainda pode ser um voto envergonhado, aquele que vota nele, mas não tem coragem de declarar, e surpreender as pesquisas.