AUDIÊNCIA MARCADA

“Os presídios são administrados pelo crime organizado”, diz advogado

O tema do Audiência Marcada desta sexta-feira (03) foi a crise no sistema prisional do país

Rádio Jornal
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Publicado em 03/02/2017 às 19:32
Foto: Jéssica Lima / Rádio Jornal

O caos nos presídios foi o tema do Audiência Marcada desta sexta-feira (03), na Rádio Jornal, sob o comando do comunicador Ednaldo Santos. O assunto foi abordado pelo juiz aposentado e advogado criminalista Adeildo Nunes e o promotor da Vara de Execuções Penais, Marcellus Ugiette. O programa também contou com a participação do editor de Política, Gilvan Oliveira.

Com base no quadro extremamente grave do Complexo Prisional do Curado (antigo Presídio Aníbal Bruno), o advogado Adeildo Nunes foi contundente ao analisar a situação. “Há dez anos a administração nos presídios é feita pelo crime organizado”, afirmou. Apesar da complexidade para se enfrentar o caos nas prisões, Adeildo Nunes assegura que há solução para o caso.

Segundo ele, os governantes precisam se espelhar na forma de administração empregada nos quatro presídios federais do País. “É preciso melhorar o tratamento oferecido aos presos, oferecendo saúde, alimentação”, apontou. Além disso, ele defende profissionais capacitados para administrar os presídios.

O promotor Marcellus Ugiette aproveitou para trazer à tona a discussão acerca da fórmula adotada no sistema prisional do Espírito Santo. Ele fez uma visita ao Presídio de Viana e constatou o rigor do encarceramento. “O modo de segregação é muito rigoroso. São 22 horas por dia no cárcere. A única escola da unidade prisional é gradeada e os detentos não têm contato com o professor. Existe até uma peça onde os presos fazem suas necessidades fisiológicas e também utilizam para tomar água”, disse.

Ouça o programa na íntegra:


Por outro lado, o promotor apresenta alguns pontos que considera como positivos, a exemplo do pouco contato entre agentes penitenciários e presos, e o monitoramento nos corredores dos pavilhões.

A respeito do bloqueio de celular no Complexo Prisional do Curado, o promotor afirmou que é um atestado de impotência implantar bloqueador de aparelho celular. Ele diz que há uma omissão do Estado. “É preciso impedir a entrada de celulares nos presídios e não bloquear”, enfatizou.

O advogado Adeildo Nunes destacou que o Estado tem de investigar para saber e punir quem entra com celular dentro dos presídios. Ele disse ainda que a problemática do sistema prisional tem uma forte relação com a falta de interesse da classe política. “Os políticos não gostam de falar sobre o sistema penitenciário. É um calo para eles”, desabafou.