ENTREVISTA

"Queremos que seja julgado por um juiz justo", diz advogado de Lula

Cristiano Zanin Martins afirma que após várias "violações" nada foi encontrado contra Lula e chama Sérgio Moro de imparcial

Rádio Jornal
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Publicado em 31/03/2017 às 11:43

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Um dia após lançar em Pernambuco o livro "O Caso Lula", em que narra o que chama de irregularidades cometidas pela Operação Lava Jato, o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, voltou a criticar a força-tarefa e a conduta do juiz Sérgio Moro. "Só queremos que Lula seja julgado por um juiz justo", declarou. A entrevista foi dada na manhã desta sexta-feira (31), durante o programa "Passando a Limpo", da Rádio Jornal.

FALTA DE PROVAS

Para Cristiano Zanin Martins,fica muito clara a inocência do ex-presidente Lula: "Nenhuma das cinco ações em que ele é investigado tem provas contra o ex-presidente. Não é estranho que de dois anos pra cá Lula, que nunca foi acusado de nada, ser acusado em tantas ações?", indagou.

Segundo o advogado, das 29 testemunhas já escutadas, nenhuma incriminou o ex-presidente, incluindo o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, preso desde 2015. "As ações estão sendo desmentidas uma a uma", declarou Zanin.

O "JUIZ DE CURITIBA"

Durante a maior parte da entrevista, o principal advogado da defesa de Lula criticou a postura do juiz da 13º vara de Curitiba (PR), Sérgio Moro, condutor da Operação Lava Jato e chamado por ele sempre como "juiz de Curitiba".

Segundo Zanin, Moro não tem parcialidade para julgar Lula: "Apresentamos diversos fatos sobre a perda da imparcialidade do juiz, das medidas invasivas que ainda comete contra Lula", disse. Ele ainda ressaltou a ida de Moro a eventos ligados ao PSDB, principal adversário político do PT.

"Só queremos que Lula tenha um julgamento justo e imparcial. O que nós estamos pedindo é que seja reconhecida a parcialidade desse juiz (Sérgio Moro), não queremos escolher um julgador.
Queremos que ele (o ex-presidente) seja julgado por um juiz justo", frisou.

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PALLOCCI E SÍTIO EM ATIBAIA

Cristiano Zanin rebate a ideia de que Lula teria envolvimento em ilícitos devido a proximidade com outros investigados, como o ex-ministro Antônio Palloci, preso desde o ano passado: "Não existe a figura do crime por contaminação, por causa do Palloci. O ex-presidente não cometeu nenhum crime", declarou.

Já em relação do sítio em Atibaía (SP), que teria sido reformado via propina, e que há suspeitas de pertencer ao petista, a defesa também rebate e afirma que os donos da propriedade já provaram que são donas do espaço, com toda a documentação: "O fato dos donos do sítio convidarem a família de Lula não é crime. Amizade não é crime", afirmou.

LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE E RECURSO À ONU

O advogado do ex-presidente defendeu a lei de abuso de autoridade, que está em discussão no Senado e que foi recentemente criticada pelo juiz Sérgio Moro. Ele lembrou que o abuso já é crime, por uma lei feita em 1965, na época da ditadura militar e precisa ser atualizada.

Sobre a tentativa de levar a defesa de Lula até a Organização das Nações Unidas (ONU), Cristiano Zanin Martins detalha: "Não havia no Brasil um recurso eficaz para paralisar as violações contra Lula, por isso fomos a ONU", afirmou. "Quando você não permite que Lula seja julgado por um juiz imparcial é uma violação", declarou.