NO SERTÃO

Casos de coccidioidomicose são notificados pela primeira vez no Estado

Três pessoas de uma mesma família foram diagnosticadas com coccidioidomicose, uma doença respiratória. Os pacientes estão no Hospital das Clínicas

Rádio Jornal
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Publicado em 03/05/2017 às 17:51

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Três pessoas de uma mesma família foram diagnosticadas com uma doença infecciosa até então nunca notificada em Pernambuco. Os casos de coccidioidomicose apareceram no município de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú.

Os pacientes, um pai e seus dois filhos, são agricultores e estão internados há cerca de quinze dias no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE). A coccidioidomicose é uma doença causada pelo fungo Coccidioides immitis e pode ser facilmente confundida com pneumonia comunitária ou tuberculose pulmonar. O quadro de saúde deles é considerado estável e eles devem receber alta ainda nos próximos dias.

A doença fúngica pode acometer tecidos moles, articulações, ossos e meninges. Os principais sintomas são febre alta, tosse e falta de ar. Na década de 1990, foram diagnosticados os primeiros casos no Brasil.

O chefe do Serviço de Doenças Infecto Parasitárias do HC, Paulo Sérgio Ramos fala sobre a doença. “Essa doença é provocada por um fundo. Ele está presente no solo de algumas regiões. Essa doença é mais bem descrita na parte mais central dos Estados Unidos, na Califórnia e no Texas, e em alguns outros países da América Central”, contou.

Confira a entrevista completa com o médico:

No Brasil, há registros da doença em estados do Nordeste. “No Brasil, há descrição da doença na Bahia, no Ceará, no Piauí e no Maranhão”, apontou o especialista. “Não há até o momento nenhum registro da Vigilância Epidemiológica de Pernambuco de algum caso de coccidioidomicose. Serão os três primeiros casos”, completou o médico.

A doença

Segundo o especialista, a coccidioidomicose não é uma doença grave, na maioria das vezes. “Ela se comporta como se fosse uma pneumonia. Alguns indivíduos mais vulneráveis, como idosos, crianças, portadores de HIV/Aids ou alguma outra doença que diminua a imunidade, esses podem evoluir para algo mais complicado”, explicou o médico. “Mas aí serão só 10% dos casos que evoluirão para formas mais graves”, tranquilizou o infectologista.

A forma mais comum de contágio é pela inalação do fungo em suspensão no solo seco. Os pacientes internados são agricultores e
lidam com o manejo da terra. Outra descrição de contágio é através do contato com tatus.

Casos em Pernambuco

De acordo com Paulo Sérgio Ramos, os pacientes pernambucanos passaram duas semanas internados em Serra Talhada e depois foram transferidos para o Recife. “Em nenhum momento eles foram pacientes com estado geral grave. Sempre foram pacientes com estado geral estável (...) Já estão recebendo tratamento há mais de dez dias e já há previsão de alta para acompanhamento ambulatorial nos próximos seis meses no hospital”, destacou.

O médico acrescenta que é importante a Vigilância Epidemiológica do Estado emitir um alerta para as equipes de saúde sobre as notificações de coccidioidomicose. “Principalmente nesses municípios do Sertão e do Agreste porque, talvez, alguns casos que tenham sido diagnosticados como pneumonia comunitária ou tuberculose possam ter sido por essa infecção fúngica”, alertou.