JUSTIÇA

Policiais são indiciados por homicídio doloso de jovem de Itambé

O MPPE foi contra o entendimento da Polícia Civil, que havia indiciado PMs por homicídio culposo. Eles vão a juri popular pela morte do jovem de Itambé

Rádio Jornal
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Publicado em 13/06/2017 às 16:13

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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) decidiu indiciar os quatro policiais militares envolvidos no assassinato de Edvaldo da Silva Alves, de 22 anos, em Itambé, na Zona da Mata Norte do Estado, por homicídio doloso, que é quando há intenção de matar. Com a decisão, os militares vão a júri popular.

No entendimento do MPPE, o soldado da Polícia Militar Ivaldo Batista de Souza Junior e capitão Ramon Tadeu Silva Cazé assumiram o risco do resultado, ou seja, da morte de Edvaldo ao atirar contra ele. A Polícia Civil, no entanto, havia indiciado os militares por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

O João Elias da Silva Filho, promotor de Itambé, falou sobre a decisão do Ministério Público de Pernambuco que vai contra o indiciamento da Polícia Civil. "Nós discordamos, com devido respeito ao entendimento da polícia judiciária, no sentido de que houve o dolo. Não no seu modo direto, aquele de querer o resultado, mas em assumir o resultado, a possibilidade de ter acontecido o evento morte", disse. "Qualquer policial que realiza um disparo naquela distância e naquela região que foi mirado tem a certeza de que poderia levar a essa situação, que é a morte", destacou.

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O promotor ainda rebateu a Polícia Civil, que afirmou que os policiais não tinham treinamento para utilizar a arma com disparo de bala de borracha. "O conteúdo dos autos mostra que o policial que manuseia o equipamento tem conhecimento técnico e evidentemente estaria pronto para utilizar a arma. Apenas cometeu o equívoco de atirar numa distância tão curta", completou.

O caso Itambé prosseguirá para as audiências de instrução até chegar ao juri, que deve ser na cidade de Itambé. Se condenados aos crimes de homicídio doloso, os policiais podem pegar de seis a 20 anos de reclusão. O capitão Ramon teve ainda um agravante: tortura. Se condenado também por este crime, pode pegar de 2 a 8 anos de reclusão, e a pena dele também prevê a perda da farda

Confira os detalhes na reportagem de Clarissa Siqueira:

Relembre o caso

Edvaldo foi baleado durante um protesto, que pedia por mais segurança na cidade, no dia 17 de março deste ano. Edvaldo morreu dias depois no Hospital Miguel Arraes, em Paulista. Ele faleceu na madrugada do dia 11 de abril.

O jovem foi atingido pelo soldado Ivaldo Batista de Souza Junior, após a ordem do capitão Ramon Tadeu Silva Cazé.