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Ministro da Saúde critica gestões Lula-Dilma por situação da Hemobrás: 14 anos sem solução

O ministro Ricardo Barros também criticou o discurso 'bairrista' da bancada de Pernambuco nas discussões envolvendo a Hemobrás

Rádio Jornal
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Publicado em 09/08/2017 às 9:53

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O ministro da Saúde, Ricardo Barros, criticou as gestões do PT (Lula-Dilma) ao falar sobre o imbróglio envolvendo a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), que está renegociando o contrato para a produção do fator VIII recombinante, o produto com maior valor agregado previsto para a fábrica de Goiana, na Mata Norte de Pernambuco. Barros articula para que a produção seja em Maringá (PR), seu reduto eleitoral, o acordo chegou a ser suspenso, mas uma liminar garantiu a sua manutenção.

Para ele, a paralisação da Hemobrás é culpa das gestões petistas e criticou o senador pernambucano Humberto Costa (PT-PE) por ter um discurso bairrista. "Pergunte ao governo do PT e ao Humberto Costa porque a fábrica não foi terminada. Recebi uma fábrica que está há anos sem funcionar e eu tenho a solução. Humberto foi ministro de um governo que em 14 anos não trouxe a solução", disse.

>> Ex-secretário critica possível ida de fábrica da Hemobrás para o PR

Ricardo Barros afirma que a Hemobras terá de encontrar uma forma de terminar sua fábrica em Goiana caso não aceite a proposta de produzir o fator VIII recombinante, usado no tratamento de hemofílicos, no Paraná. A oferta da empresa suíça Octapharma e o Instituto de Tecnologia do Paraná (TecPar) de levar uma parte da produção para o Sul, com investimento de US$ 200 milhões, gerou polêmica por sugerir tirar da operação local um produto de alto valor agregado.

"Eu vou resolver o problema da Hemobrás. Tenho hoje uma reunião com a bancada de Pernambuco, mas não vou com a conversa do bairrismo, da ideologia, da bandeira que não é da eficiência. Vocês gastam um bilhão com folha de pagamento em uma fábrica que não funciona nada. É preciso respeitar o dinheiro público. Vamos colocar para funcionar ela aí em Pernambuco", disse Barros.

Ouça a entrevista com Ricardo Barros

Pela proposta, Pernambuco receberia US$ 250 milhões para finalizar a fábrica de fracionamento de plasma. Atualmente, a Hemobras também avalia a proposta da empresa irlandesa Shire de concluir o projeto original da planta aqui, por US$ 250 milhões. O conselho administrativo deve colocar a pauta em discussão no próximo dia 23, mas ainda não há data prevista para o novo parceiro produtivo ser anunciado. Porém, tudo indica que a fábrica em Pernambuco perderá força.

"Vocês tem um esqueleto de uma fábrica há muitos anos e eu consegui o investidor para colocar para funcionar a fábrica. Inclusive dando participação à Hemobras num consórcio com Octapharma. O instituto do Paraná que conseguiu o investidor para fazer a conclusão e 250 milhões de dólares serão investidos para o funcionamento em Pernambuco", disse o ministro.

Hemobrás corre risco de esvaziamento

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Matéria do Jornal do Commercio desta quarta aponta que, com mais de R$ 1 bilhão investido, a Hemobrás entrou para a lista de estatais que desandaram, geraram prejuízo e estão sendo investigadas. A planta em Goiana, na Mata Norte do Estado, planejada para ser a âncora de um Polo Farmacoquímico, está 70% concluída, mas não é capaz de produzir hemoderivados.

Apesar de tantas notas negativas, é sempre importante frisar que a Hemobrás é de fundamental importância para a economia de Pernambuco. A estatal poderia tornar o Estado figura central do mercado de sangue brasileiro.

>>Ricardo Barros terá nova audiência com bancada federal de Pernambuco sobre Hemobrás, nesta quarta

Atualmente, o Ministério da Saúde gasta mais de R$ 1 bilhão para obter e distribuir medicamentos hemoderivados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). No projeto da planta em Pernambuco, está prevista a construção de duas fábricas, uma de plasmáticos para produção de seis medicamentos, como albumina e imunoglobulina, e outra para o fator VIII recombinante. Há acordos com o laboratório francês LFB e a empresa irlandesa Baxalta/Shire para fornecer os medicamentos, enquanto a tecnologia não é repassada. Entre os entraves para alcançar a autossuficiência, está o atraso de obras.

O ministro falou durante o programa 'Passando a Limpo', apresentado por Geraldo Freire; ouça na íntegra:

O cronograma foi interrompido várias vezes por indícios de irregularidades, como superfaturamento de contratos, além da falta de repasses da União. Em 2015, a Operação Pulso, da Polícia Federal, investigou fraudes em licitações e contratos de logística de plasma e hemoderivados, além da própria construção da fábrica. Dois anos depois, a empresa se vê em nova encruzilhada.

Já o presidente da Hemobrás, Oswaldo Castilho, afirmou na audiência pública realizada na segunda-feira (7) pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para debater o problema que a Shire, que tem a parceria atualmente, propõe investir U$ 250 milhões na conclusão da planta de Goiana. Além disso, aceitou estender o prazo de pagamento e abrir mão dos juros da dívida da estatal com a empresa, hoje estimada em U$ 175 milhões – pela compra do recombinante. Foram investidos na unidade R$ 1 bilhão e calcula-se que seriam necessários R$ 600 milhões para concluir os 30% restantes.

De acordo com o presidente da Hemobrás, as duas alternativas estão sendo analisadas de forma detalhada pelo conselho administrativo, sob os aspectos jurídicos, econômicos e financeiros. “Não sabemos, no entanto, como ficaria a questão jurídica de quebrar o contrato com a Braxter (sócia da Shire na parceria com a estatal brasileira”, disse. “Queremos achar uma solução viável, destacando que temos um contrato firmado e que manter a atual parceria é hoje de interesse da Hemobrás.”

Com informações do JC Online e Blog de Jamildo