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Torcida de escola particular xinga adversários de instituição pública: sua mãe é minha empregada

Caso aconteceu durante a final de basquete dos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte

Rádio Jornal
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Publicado em 09/11/2017 às 13:47

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Durante a final de um campeonato de basquete dos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte (Jerns), os gritos da torcida do Colégio Marista de Natal geraram revolta nas redes sociais. Torcedores da equipe da escola privada, que jogava a final contra o time do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), gritaram ofensas como "o meu pai come sua mãe" ou "sua mãe é minha empregada". O caso aconteceu no último dia 31 de outubro.

"Durante a final do basquete juvenil masculino dos JERNs entre IFRN-CNAT e Marista, tivemos o desprazer de vivenciar no ginásio de nossa escola um lamentável episódio de disseminação do discurso de ódio manifestado pela torcida da equipe visitante. '1, 2, 3, 4, 5 mil. Queremos Bolsonaro presidente do Brasil', 'O meu pai come a sua mãe' e 'Sua mãe é minha empregada' (essa última sendo usada de forma pejorativa, ao nosso ver, com intuito de desmerecer a profissão de inúmeras mulheres brasileiras) foram alguns dos cânticos de cunho misógino e discriminatório entoados pela torcida do Marista - uma afronta ao que está posto em nossa Constituição e, sobretudo, aos Direitos Humanos.", disse a nota de repúdio emitida pelo Grêmio Estudantil Djalma Maranhão (GEDM), do IFRN.

Em resposta, o Colégio Marista de Natal afirmou, por meio de nota, que as ações da torcida relatadas pelo GEDM "não comungam com a proposta pedagógica e evangelizadora da instituição, nem representam os estudantes, professores e colaboradores deste Colégio".

Após a polêmica, o diretor do Colégio Marista de Natal, irmão José Assis Elias de Brito, e a vice-diretora pedagógica, Ilcemara Cavalcanti, fizeram uma visita ao IFRN e marcaram um amistoso de basquete entre as duas equipes, acordado para o próximo dia 18 de novembro.

Confira a nota do Grêmio Estudantil Djalma Maranhão na íntegra

Ontem (31/10), durante a final do basquete juvenil masculino dos JERNs entre IFRN-CNAT e Marista, tivemos o desprazer de vivenciar no ginásio de nossa escola um lamentável episódio de disseminação do discurso de ódio manifestado pela torcida da equipe visitante.

“1, 2, 3, 4, 5 mil. Queremos Bolsonaro presidente do Brasil”, “O meu pai come a sua mãe” e "Sua mãe é minha empregada" (essa última sendo usada de forma pejorativa, ao nosso ver, com intuito de desmerecer a profissão de inúmeras mulheres brasileiras) foram alguns dos cânticos de cunho misógino e discriminatório entoados pela torcida do Marista - uma afronta ao que está posto em nossa Constituição e, sobretudo, aos Direitos Humanos.

Momentos como esse revelam um pouco das intenções políticas de, infelizmente, boa parcela da sociedade brasileira: de levar a presidência um deputado extremamente machista, LGBTfóbico, racista e defensor de um dos períodos mais sombrios da História do Brasil, os “Anos de Chumbo” da Ditadura Civil-Militar (1964-1985); de reverter direitos conquistados com muito empenho e suor pelas minorias e camadas desfavorecidas social e economicamente ao longo dos anos; e, em especial, de cercear as nossas liberdades individuais e coletivas.

Além disso, é bastante triste ver que, mesmo com toda a ascensão da luta dos movimentos sociais por um país livre de qualquer opressão, mais justo e digno para toda a população, ainda há uma juventude que não reconhece esse avanço e propaga ideais tão intolerantes e hostis.

Acreditamos que pensamentos, tais quais os manifestados na tarde de ontem, vão totalmente de encontro aos valores de tolerância, inclusão e cidadania fomentados pelas diversas práticas esportivas e não compactuam nem um pouco com os princípios pregados por uma Instituição de Ensino como o Marista.

Por fim, apesar desses insultos, que tem por fito discriminar e oprimir, não serem tão incomuns, cremos sim na possibilidade de um mundo melhor, pois já dizia Paulo Freire: “mudar é difícil, mas é possível”.

Confira a nota do Colégio Marista de Natal na íntegra

O Colégio Marista de Natal esclarece que os fatos relatados na final do Basquete do JERN´S (Jogos Escolares do Rio Grande do Norte), entre o IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte) e o Marista, não comungam com a proposta pedagógica e evangelizadora da instituição, nem representam os estudantes, professores e colaboradores deste Colégio.

Situações como estas, que confrontam os princípios de respeito, justiça e solidariedade, não condizem com a educação humana e integral do Marista, pautada em valores cristãos e no respeito às diferenças.

O esporte, pilastra importante do Projeto Educativo Marista, favorece a educação integral, ao promover o respeito e a colaboração entre indivíduos. Desse modo, continuaremos a reforçar o diálogo com os nossos estudantes em todas as atividades, inclusive esportivas, tendo em vista que educar para a vida é a nossa missão.