A filósofa Judith Butler foi agredida na manhã desta sexta-feira (10) enquanto embarcava no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Butler foi perseguida por uma mulher na área de check in. A agressora usava um cartaz feito de madeira, com mensagens contra a presença da acadêmica no Brasil. Além de xingar a filósofa, a agressora também usou o cartaz para empurrá-la.
A responsável pelas agressões foi identificada como Celene de Carvalho, que trabalha no ramo de hotelaria e participou de um protesto contra Judith Butler na última terça-feira (7).
Através de sua página no Facebook, uma testemunha que estava no local contou que tentou intervir contra as agressões feitas pela mulher e foi xingada com insultos racistas: "Falei que ela não podia fazer aquilo, que estava sendo violenta e homofóbica, além de muitas outras coisas. Ela olhou pra mim, abriu os braços e gritou: Quem é você? Você é feia! Olha esse seu cabelo, olha essa sua cor, vai arrumar o cabelo. Você é feia!". O relato foi feito por Daniele Lima.
Também pelo Facebook, o grupo "Ativistas Independentes", que se posiciona de maneira contrária às teses de Judith Butler sobre gênero, transmitiu ao vivo as agressões. No início do vídeo, é possível ouvir uma mulher falando "eu acho que o que a gente tem que fazer é... ela vai vim (sic) para cá, vai despachar a bagagem... aí a gente começa a cercar". Outra pessoa diz "Eu não posso ficar com a placa na mão... eu tenho empresa, Celene".
Quando a filósofa finalmente chega, o grupo fala em inglês "Judith Butler, você não é bem vinda no Brasil". Butler, que tem 61 anos, ainda tenta reagir, mas é cercada por um grupo de manifestantes que continuam com insultos, chamando-a de "assassina e abortista". O grupo também reage contra pessoas que tentam defender a filósofa.
Confira o vídeo:
Judith Butlher
A filósofa norte-americana foi uma das palestrantes do seminário Os Fins da Democracia realizado em parceria com a Universidade da Califórnia, Berkeley, onde a intelectual é professora de literatura comparada.
A partir de uma ótica feminista, Butler tem reflexões sobre como as distinções entre os sexos são determinadas por interpretações culturais que se sobrepõe a determinantes biológicos. Ela também tem trabalhos com pensamentos sobre a violência e a respeito da situação do Estado de Israel. Esses últimos temas mais relacionados ao que seria tratado no evento.
Com a participação de palestrantes nacionais e estrangeiros, o seminário abordou os limites e riscos às instituições democráticas no cenário político mundial.
*Com informações da Agência Brasil