Denúncia

Tenho todo direito, diz estudante acusada de fraudar cotas raciais

Estudante e integrantes do movimento negro fizeram uma denúncia contra Ana Carolina de Andrade, acusando a estudante de fraudar cotas raciais

Rádio Jornal
Rádio Jornal
Publicado em 24/11/2017 às 9:41

Imagem

Estudantes e integrantes do movimento negro denunciaram uma estudante um suposto caso de fraude nas cotas raciais em um processo seletivo para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo eles, uma das candidatas a uma vaga no curso de mestrado em comunicação não tem características físicas obrigatórias para preencher a vaga. A acusada de burlar o sistema, Ana Carolina de Andrade, 27, afirmou "ser parda e afrodescendente, tenho todo o direito".

A suspeito ocorreu após a jovem publicar o resultado da seleção em uma rede social, expondo aquela que seria uma irregularidade. Os integrantes dos movimentos negros afirmaram que na mesma seleção para mestrado, que conta com vagas de reserva para cotistas, outros nove concorrentes negros ficaram de fora.

Além de Ana Carolina, outras duas mulheres se autodeclararam negras e ingressaram no mestrado, numa atitude de uso 'conveniente' de um direito que não tem, segundo a denúncia apresentada.

“Não quero comparar, não acho que sofro racismo. Seria injusto dizer isso, enquanto outras pessoas sofrem cotidianamente. Mas sei reconhecer que não sou branca. A minha tataravó era escrava. Ela morava na casa dos patrões. Não precisava de pagar comida nem contas. Depois que saiu de lá, passou a ter que arcar com esses gastos, mesmo não estando preparada e inserida no mercado de trabalho. Acredito que o passado da minha família influencia a minha geração”, disse Ana Carolina em entrevista ao jornal Estado de Minas. A mesma justificativa também foi utilizada em documento entregue a UFMG para ingresso no sistema de cotas.

Lei das cotas

A Lei 12.711, de 2012, determina que institutos federais e universidade reservem metade de suas vagas para estudantes de escolas públicas, e, dentro desta cota, outra porcentagem reservadas por critérios raciais. Para concorrer às vagas do sistema de cotas para pessoas negras e indígenas, é necessário comprovar renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio, apresentando na instituição os documentos exigidos pelo Ministério da Educação (MEC).

Em abril, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMG decidiu implementar ações afirmativas para a inclusão de negros, indígenas e pessoas com deficiência nos seus cursos de pós-graduação. A universidade reserva de 20% a 50% das vagas disponíveis nos programas de mestrado e doutorado para candidatos que se autodeclarem negros.