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Chacinas no CE são guerra de facção, acredita Conselho Penitenciário

No último sábado (27), uma chacina deixou 14 pessoas mortas na periferia de Fortaleza; nesta segunda (29), 10 detentos foram mortos

Da Agência Brasil
Da Agência Brasil
Publicado em 29/01/2018 às 17:41

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A morte de 10 presos na Cadeia Pública de Itapajé, a 130 quilômetros de Fortaleza, é uma resposta à chacina que vitimou 14 pessoas no último sábado (27) na periferia de Fortaleza. A análise é do presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), o advogado Cláudio Justa.

De acordo com ele, os dois eventos envolvem as facções criminosas Guardiões do Estado (GDE) e Comando Vermelho, que estão em conflito aberto, em que a primeira busca a conquista de territórios do tráfico de drogas na capital cearense.

“A chacina do bairro Cajazeiras foi o ápice de um processo que envolve outras ações. O GDE é local, não tem vinculação nacional, então tende a buscar a expansão na base da força. Por isso, faz atos de terror para amedrontar e afugentar”, descreve, referindo-se ao ataque de sábado promovido por homens armados, que atiraram contra as pessoas que estavam numa festa chamada Forró do Gago.

O assassinato dos 10 internos nesta segunda-feira (29), conforme ele, é a resposta do Comando Vermelho à chacina e demonstra a vulnerabilidade do sistema penitenciário. “Essa ação no presídio é reflexo do conflito instaurado nas ruas, mas não está sistêmico no estado porque houve a separação das facções nas unidades penitenciárias. No entanto, nas cadeias públicas, elas ficam no mesmo local. Existe uma deficiência tanto predial como de agentes penitenciários, que não conseguem fazer frente a esse tipo de conflito.”

Segundo Justa, a Secretaria da Justiça do Ceará (Sejus) deverá promover nova separação dos grupos rivais, desta vez remanejando internos para outras unidades. A secretaria disse em nota que a situação da cadeia pública foi estabilizada por agentes penitenciários e por policiais.

A chacina

Na madrugada do sábado (27) uma festa no bairro Cajazeiras, na periferia de Fortaleza (CE), terminou com ao menos 14 pessoas mortas. Homens armados invadiram o local e dispararam aleatoriamente contra o público do Forró do Gago. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, trata-se da maior chacina já registrada no estado.