DESASTRE AMBIENTAL

Com greve de caminhoneiros, mais de um bilhão de aves estão passando fome

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, já foram sacrificados de 64 milhões de aves. Mais de 20 milhões de suínos também estão sendo afetados

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 27/05/2018 às 20:17
Arquivo/Agência Brasil
FOTO: Arquivo/Agência Brasil

Produtores de aves, suínos e ovos estiveram hoje (27) à tarde no Palácio do Planalto para entregar um documento ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, em que pedem "ação imediata" do governo federal para desbloquear o tráfego de caminhões que transportam ração para os animais.

Desde o início da greve dos caminhoneiros, que completou sete dias neste domingo, o fluxo de entrega de ração foi praticamente interrompido e mais de um bilhão de aves e 20 milhões de suínos estão recebendo alimentação insuficiente. Por causa disso, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), já foram sacrificados de 64 milhões de aves, entre frangos e pintos recém-nascidos.

"Precisamos salvar essas aves e esses suínos. Mais importante, temos de prevenir um problema ambiental e de saúde pública. Se essas aves e suínos começarem a morrer [por falta de alimentação], será um desastre para o país. Precisamos pedir aos caminhoneiros que deixem passar a comida. Caso contrário, vai penalizar a mesa dos brasileiros", afirmou o diretor executivo da ABPA, Ricardo Santin, ao chegar ao Palácio do Planalto.

Exportações

Segundo ele, a situação é "absolutamente emergencial". "Onde você coloca um milhão de aves mortas? Pode contaminar o lençol freático, transmitir doenças. Estamos no limite de um desastre ambiental. Não podemos ficar mais três dias sem ração."

Mais cedo, a associação emitiu nota informando que milhares de toneladas de alimentos estão prestes a perder a validade. Ainda segundo a ABPA, que representa 150 empresas no país, 160 plantas frigoríficas de aves e suínos estão paradas e mais de 24 mil trabalhadores estão com atividades suspensas.

A organização alerta também que cerca de 100 mil toneladas de carne de aves e de suínos deixaram de ser exportadas na última semana, o que poderá causar impacto de US$ 350 milhões na balança comercial. No geral, de acordo com Ricardo Santin, as empresas do setor já somam mais de R$ 3 bilhões em prejuízos desde o início da paralisação dos caminhoneiros.