CRISE

Caminhoneiros: Presidente do Sintracape denuncia infiltrações no protesto

O presidente do Sintracape, Wilton Nery, insinuou que o protesto dos caminhoneiros, que já dura uma semana, está sem liderança

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 28/05/2018 às 15:01
Arnaldo Carvalho/ JC Imagem
FOTO: Arnaldo Carvalho/ JC Imagem

O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas do Estado de Pernambuco (Sintracape), Wilton Nery, elogiou a pauta do Governo Federal que atendeu às reivindicações dos caminhoneiros e criticou o uso do movimento para levantar outras bandeiras. Durante entrevista ao Rádio Livre, ele insinuou que o protesto da categoria está sem liderança.

Segundo Wilton Nery, no primeiro acordo que foi fechado no dia 24 de maio, o sindicato tentou conversar com os caminhoneiros e explicar que a pauta atendida era boa. “Só que essa manifestação, ela é a nível nacional, não foi deflagrada por nenhuma entidade sindical. Na verdade, a nossa confederação entrou como mediadora no assunto e fez as solicitações para o Governo Federal, que não foram atendidas de imediato. Isso [a solicitação] foi passado no dia 16 e no dia 21 começou a deflagração da manifestação”, explicou.

Nery reforçou que a pauta atendida pelo Governo Federal é positiva e insinuou que a propagação de fake news por meio das redes sociais tem atrapalhado o entendimento da categoria. “O pessoal fica ilhado no meio desse mundo de informação e, acredito eu, não entendeu ainda que o governo está atendendo, dentro da medida do possível, mais uma proposta muito boa para os caminhoneiros”, apontou.

Ele ainda critica o uso do movimento para levantar outras bandeiras. “A gente percebe que outras causas estão sim sendo defendidas usando o movimento dos caminhoneiros como escudo e não deixando chegar ao caminhoneiro as informações que precisam chegar, porque eles já estão exauridos, muito cansados, na rua, irritados e acho que muitos não estão raciocinando bem porque a informação verdadeira não está chegando”, comentou Nery, sem citar as causas. “A gente está meio temoroso porque tem infiltrações sim, agora eu não posso dizer que são políticas”, afirmou.

Alguns caminhoneiros têm usado bandeira pedindo intervenção militar
Alguns caminhoneiros têm usado bandeira pedindo intervenção militar
JC Imagem

Questionado sobre a informação de que a categoria estaria pedindo intervenção militar, como mostram algumas imagens registradas nos bloqueios, ele disse que recebeu ligações sobre o assunto, mas que a proposta do movimento não tem relação. “A gente observa que a rede social vive mostrando isso. O governo está investigando a prática de locaute, que já tem empresas indiciadas. Então, não só política, tem outros interesses com certeza dentro de uma manifestação legítima que os caminhoneiros estão fazendo”, disse.

Ouça a entrevista completa:

Saída pacífica

O representante do Sintracape acredita que o Governo Federal demorou a atender o pleito dos caminhoneiros e que não vê muitas alternativas para destravar o impasse. “O próprio governo está em contato com vários pontos de bloqueio em todo o Brasil e fica muito difícil passar essa informação (...) Eu acho que tem que ser de pessoas entrarem nesse movimento e começar a levar informação verdadeira, só que as pessoas estão assustadas em participar e fazer isso. Eu mesmo tentei algum vezes, tentei ontem participar de uma reunião aqui no Estado, só que o grupo que veio de Suape eu não conheço e nem permitiram que o sindicato participasse da reunião”, destacou.

“O que acontece é que o movimento foi crescendo e, dentro do Porto de Suape, entram caminhões de toda parte do Brasil. Nós não tínhamos mais como conversar com as pessoas, que se tornavam até agressivas de uma hora para outra”, detalhou. “Então, no dia 24, de meia noite, a gente oficializou que o sindicato não estaria mais conversando, nem orientando as pessoas, até porque várias liminares tinham sido direcionadas e nós não tínhamos como atender as liminares se a gente continuasse lá com pessoas que são desconhecidas, são de todo o Brasil”, completou.