CAMINHONEIROS

Raul Jungmann garante que não há chance de intervenção militar

Em meio ao protesto dos caminhoneiros, que já dura uma semana, algumas bandeiras pedindo intervenção militar têm aparecido

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 28/05/2018 às 16:41
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FOTO: JC Imagem

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, garantiu, nesta segunda-feira (28), que não há chance de uma intervenção militar. Ele minimizou a relevância das bandeiras que aparecem no meio do movimento nacional dos caminhoneiros e que pedem a volta dos militares ao poder no País.

“Essa possibilidade inexiste. As forças armadas estão procurando nos ajudar, elas têm uma grande capilaridade, estão absolutamente dentro do que são os preceitos constitucionais”, garantiu Jungmann.

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Segundo o ministro, as pessoas que estão pedindo intervenção no protesto são infiltradas no movimento e ameaçam os caminhoneiros que querem encerrar a paralisação. A opinião dele é semelhante a do presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas do Estado de Pernambuco (Sintracape), Wilton Nery, que também concedeu entrevistas à Rádio Jornal. “Isso é o que eu chamo dos ‘caroneiros’, não são os caminhoneiros, que estão tentando politizar e ideologizar esse movimento. Como você está no período pré-eleitoral há quem tente tirar proveito do sofrimento da população, das necessidades da população”, afirmou Jungmann.

Confira a entrevista completa:

Locaute

Raul Jungmann afirma que as transportadoras e distribuidoras tiveram um papel forte nesse movimento dos caminhoneiros. “As grandes transportadoras e distribuidoras fizeram um locaute, o que é proibido. Pela Constituição Federal o trabalhador tem direito à greve para melhorar os seus salários e condição de vida. Mas é crime o chamado locaute feito pelas empresas para tirar vantagens econômicas”, explicou. “Eu determinei que a Polícia Federal abrisse inquéritos. Já são 50 inquéritos com vários tipos de prisão contra esses que, de forma criminosa, vêm aproveitando a paralisação dos caminhoneiros para tirar proveitos econômicos e manter a sua margem de lucro”, afirmou.

Tudo já foi feito

Mais cedo, em entrevista coletiva, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o protesto dos caminhoneiros realizou cerca de 1.200 paralisações no País e a Polícia Rodoviária Federal já desarticulou 728. Sobre a redução, Raul Jungmann reconhece que esse movimento tem uma articulação diferente, por isso todas as obstruções ainda não foram encerradas. “Nós esperávamos que ela fosse bem mais rápida, mas essa paralisação tem uma característica que ela é tocada através das redes sociais, ao contrário do sindicalismo tradicional, é descentralizado e horizontal e as lideranças surgem no movimento”, reconheceu.

O ministro disse que o Governo Federal está enfrentando dificuldades para dialogar com os caminhoneiros pois o movimento tem várias lideranças. “Agora, o presidente atendeu todas as reivindicações e, sobre o ponto de vista dos caminhoneiros, a questão está, como os líderes têm dito e repetido, devidamente atendida. A velocidade com que desacelera é lenta e ainda gera problemas, sobretudo de abastecimento”, comentou.

Jungmann afirmou que a expectativa dos governos é de que o movimento não tenha continuidade. “É preciso que haja uma sensibilidade e um entendimento. Inclusive, muitos [caminhoneiros] são de outros movimentos, com outros interesses, inclusive político, tentando manter essa paralisação além de qualquer racionalidade. As reivindicações dos caminhoneiros foram todas atendidas e eles mesmos, através das lideranças responsáveis, têm reconhecido isso”, destacou Jungmann.