Pernambuco

Vivemos violência incompatível com a vida civilizada, diz sociólogo

Idealizador do Pacto Pela Vida, José Luiz Ratton explica que os números alarmantes se devem à manutenção da desigualdade

Mayra Milenna Gomes
Mayra Milenna Gomes
Publicado em 06/06/2018 às 13:40
Foto: JC Imagem
FOTO: Foto: JC Imagem

Pernambuco ficou na 6ª posição no ranking dos estados mais violentos do Brasil, de acordo com o Atlas da Violência 2018. Os dados tomam como base informações do Sistema Único de Saúde (Sus) produzidos pela Secretaria de Saúde dos estados e compilados pelo Ministério da Saúde. Sociólogo e um dos criadores do Pacto Pela Vida, o professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) José Luiz Ratton explica que os números alarmantes se devem à manutenção da desigualdade e a ausência do Estado em áreas vulneráveis.

"Vivemos patamares de violência incompatíveis com uma vida minimamente civilizada e isso afeta a qualidade de vida das pessoas", afirma. "A desigualdade é durável, pouco se altera. Por outro lado, há cultura da honra, virilidade, que favorece a resolução de conflitos privados de forma violenta. E nós temos um Estado ausente, fraco nas áreas que ele precisa estar presente. Essa combinação - somada com a enorme disponibilidade de arma de fogo e a ausência política de segurança que saiba trabalhar com uma polícia de inteligência, informação e antecipação - causa esse cenário", analisa.

Ouça entrevista completa:

Números

Os números apontam que o Estado registra 50 homicídios por 100 mil habitantes, um aumento de 70% em relação à média nacional nos últimos anos, depois que Pernambuco experimentava uma redução nos assassinatos durante o Pacto Pela Vida, entre 2007 e 2013.