Caso Rayneia

Corpo de Raynéia Gabrielle deve chegar na quinta-feira (2) ao Recife

Estudante pernambucana Rayneia Gabrielle, 23, foi assassinada na Nicarágua no último dia 23 de julho

Antônio Gabriel Machado
Antônio Gabriel Machado
Publicado em 30/07/2018 às 14:01
Foto: Acervo Pessoal
FOTO: Foto: Acervo Pessoal

O corpo da médica Raynéia Gabrielle Lima, 31, foi embalsamado e encaminhado para o Recife onde deve chegar, no máximo, até a próxima quinta-feira (2). Raynéia foi assassinada no último dia 23 de julho na Nicarágua. Amigos da pernambucana acreditam que a execução teve natureza política, sendo o crime cometido por forças paramilitares ligadas ao presidente Daniel Ortega.

A liberação da certidão de óbito da vigilância sanitária será emitida pela prefeitura de Manágua, capital do país, e a autorização depende do Ministério da Saúde da Nicarágua. Todo o encaminhamento do processo é detalhado por Pedro Eurico, secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco.

"O documento será encaminhado ao ministério da saúde, setor de vigilância sanitária, para autorizar o envio do corpo. A nível da secretaria de justiça do governo de Pernambuco, tudo foi resolvido. O pagamento será feito assim que as autoridades nos encaminharem a autorização e automaticamente o corpo deve ser encaminhado ao Brasil", disse Pedro Eurico.

A polícia da Nicarágua chegou a prender, na última sexta-feira (27), Pierson Gutierrez Solís, 42, vigilante particular que seria o autor dos disparos que mataram Raynéia. A suspeita de um crime político é reforçada pela arma utilizada no assassinato, de uso exclusivo militar.

"Nós colhemos através de jornais do sul do país que esse suspeito havia cometido outros crimes, sendo membro da guarda civil revolucionária da Nicarágua. Não quero fazer um julgamento, mas não tenho dúvida que foi uma execução de natureza política", comentou Pedro Eurico.

O caso

A estudante de medicina Raynéia Gabrielle Lima, de 31 anos, foi morta a tiros na noite dessa segunda-feira (23) em Manágua, capital da Nicarágua, que passa uma onda de protestos que pedem a saída do presidente Daniel Ortega. Segundo informações de amigos, a pernambucana, de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, não participava de nenhum tipo de manifestação no país. "Ela não participava de nenhum protesto, estava cumprindo o seu internato no hospital militar", disse Anderson Felipe, amigo da estudante.

O assassinato, divulgado pela imprensa local, foi confirmado pela Embaixada do Brasil na Nicarágua. Raynéia era estudante da Universidade Americana (UAM) e teria sido metralhada por manifestantes.

Onda de violência na Nicarágua

O país, vive desde abril uma onda de protestos que pedem a saída do presidente Daniel Ortega. O governo respondeu com violência aos manifestantes e ao menos 360 pessoas já foram mortas, a maior parte civis.

O governo nega ter ligação com os grupos paramilitares que são acusados de serem os responsáveis pela maioria das mortes, apesar deles usarem bandeiras do partido do presidente, a Frente Sandinista de Libertação Nacional.