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Eficiência energética: o desafio dos transportes no Brasil

Entenda os impactos do transporte rodoviário para o meio ambiente no País e as perspectivas para uma frota sustentável

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 02/08/2018 às 12:51
Fotos Públicas
FOTO: Fotos Públicas

Escassez de combustíveis e gás de cozinha, cirurgias canceladas em hospitais por falta de insumos e aeroportos desabastecidos. Mais de 200 milhões de pessoas foram testemunhas do cenário de caos que se instalou no Brasil durante 11 dias. Esse foi o tempo que durou a greve dos caminhoneiros, iniciada em 21 de maio deste ano.

O imenso impacto causado por uma única categoria, que conseguiu parar o País, deixou claro o nível de dependência ao transporte rodoviário, seja ele de cargas ou de passageiros. Saiba mais na reportagem de Marcela Maranhão e Suellen Fernandes:

Transporte rodoviário

No Brasil, esse tipo de transporte é o principal sistema logístico e conta com uma rede de mais de um 1,7 milhão quilômetros de estradas e rodovias, segundo o Sistema Nacional de Viação. A hegemonia com relação aos transportes ferroviário, marítimo e fluvial é uma realidade desde o início da República, na década de 1920, quando os governos começaram a priorizar o transporte rodoviário.

Se olharmos para o meio ambiente, o transporte rodoviário, no Brasil, é protagonista na emissão de gases poluentes na atmosfera. Ao todo, 189 milhões de toneladas de poluentes saíram do transporte rodoviário no brasil em 2016.

Isso significa 92% de todas as emissões produzidas pelo setor de transporte, que inclui os modais ferroviário, hidroviário e aéreo. O transporte de cargas, representado pelos caminhões, é o maior responsável pelas emissões de gases do efeito estufa registradas por todo o setor de energia.

Só em 2016, as emissões globais, os caminhões lançaram no ar 85 milhões de toneladas de gás carbônico. As emissões de gases poluentes por essa categoria de veículos são maiores, por exemplo, que as emissões de toda a queima de combustível no segmento industrial e que as emissões de todas as usinas termelétricas em operação no Brasil. Os dados constam em um relatório elaborado pelo Observatório do Clima, em parceria com o Instituto de Energia e Meio Ambiente, e avalia o período que vai de 1970 a 2016.

Carros Elétricos

Nas últimas décadas, o Brasil registrou um aumento importante no número de veículos. Em 2017, a frota avançou 1,2%. O resultado faz parte de um relatório do sindicato que reúne as empresas de autopeças. Segundo dados da Organização Internacional de Construtores Automotivos, o país ocupa hoje a 9ª posição no ranking dos maiores produtores mundiais de carros, com mais de 2 milhões e meio de unidades em 2017.

A partir deste ano, a indústria automotiva brasileira tem um importante desafio pela frente: desenvolver novas tecnologias, aumentar a eficiência energética dos veículos - reduzindo a emissão de gases do efeito estufa, e incluir mais ítens de segurança para os passageiros.

Essas são as metas fundamentais do programa rota 2030: a principal proposta de mobilidade do governo federal para os próximos anos, que substitui o antigo Programa inovar-auto. O programa determina a redução do imposto sobre Produtos industrializados, o IPI, para carros elétricos.

A cobrança, que era de 25%, vai ficar na faixa de 7 a 20%. Quanto maior for a eficiência energética do carro, menor o percentual do imposto. Na prática, as fabricantes vão ser obrigadas a reduzir o consumo de combustível dos veículos, nos próximos 3 anos. Conheça os detalhes na segunda parte da Série:

A série de reportagem Eficiência Energética: os desafios para os transportes no Brasil teve produção e reportagem de Marcela Maranhão e Suellen Fernandes. Os trabalhos técnicos são de Emílio Bezerra.