ENTREVISTA

"Sou contra os extremos, a esquerda e a direita", diz vice de Alckmin

Em entrevista exclusiva, Ana Amélia se defende sobre ser considerada de extrema direita: "a turma do Bolsonaro diz que eu sou comunista, outros me chamam de conservadora". Vice de Alckmin afirma que tem se preocupado com violência rural no Nordeste

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 07/08/2018 às 9:51
Foto: Agência Senado
FOTO: Foto: Agência Senado

Em entrevista à Rádio Jornal, a senadora Ana Amélia (PP-RS), candidata a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que não se considera de direita nem de esquerda. "São extremos muito perigosos", disse. Integrando um partido que se considera "centrão", Ana Amélia é uma crítica aos governos de esquerda, em especial os do PT. Representante do agronegócio, Ana Amélia é uma liderança política do Rio Grande do Sul considerada conservadora.

Planos para vir ao Nordeste

Perguntada se viria ao Nordeste ainda no primeiro turno, região com votos tradicionalmente de esquerda, ela garante que sim. "Se depender de mim eu irei para o Nordeste onde e quando me convidarem", diz. Sobre a região, vice de Alckmin diz que está muito preocupada com a segurança pública. "É uma região que tem muitas carências. Em cidades pequenas, agências bancárias estão fechando e as pessoas tem que viajar para receber o seu bolsa família pagando do seu próprio bolso", lamenta. "Eu acho uma grande injustiça e contradição, já que ela já vai deixar no meio do caminho um pedaço da sua renda familiar, às vezes a única que ela tem", diz. "Precisamos encontrar uma solução para que essas pessoas não precisem se deslocar para receber esse benefício social", diz.

Direita da direita?

Ana Amélia rebate a informação de que seria de extrema direita. "A turma do Bolsonaro diz que eu sou comunista, outros me chamam de conservadora", diz. "Fui visitar o sistema prisional em Cuba, talvez por isso me chamem de comunista", alega. "A gente só fala na saúde da Ilha e não fala das prisões. Lá os presos trabalham e custeiam até 80% dos custos do sistema carcerário e eu não entendo porque a gente não copia este sistema", completa.

Ainda sobre a afirmação de que ela seria de direita, Ana Amélia fala que apoiou a candidatura de Manuela D'Ávila (PCdoB) à prefeitura de Porto Alegre em 2012. "Se eu fosse tão de direita assim, não tinha apoiado uma comunista", afirma.

Esquerda X Direita

A senadora Ana Amélia afirma que não acredita mais na dicotomia direita e esquerda e sem rápido X lerdo, que seria explicada individualmente a partir da mentalidade de cada político/partido. "Quanto mais respeitoso e quanto mais plural for a cabeça do candidato, ele é rápido", explica. "É importante ter capacidade de entender um País que está vivendo tantas contradições como o nosso, entender esse novo momento, respeitar o contraditório, as opiniões divergentes, mesmo não concordando", afirma. "Nós estamos numa zona de intolerância que é muito perigosa. Sou contra os extremos, a esquerda e a direita. Acho que os extremos sempre perturbam o ambiente de convivência democrática e tolerância", completa.