ELEIÇÃO DE COTURNOS

Avanço militar reflete desconhecimento do povo com passado do Brasil, diz historiadora

Série de reportagens da Rádio Jornal analisa eleições 2018 do ponto de vista dos candidatos de segmentos como militares, religiosos e de milionários

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 29/08/2018 às 15:22
André Nery/ Acervo JC Imagem
FOTO: André Nery/ Acervo JC Imagem

As eleições de 2018 apresentam um crescimento de 11% no número de candidaturas ligadas à militares no país. A comparação foi feita levando em consideração as eleições de 2014. A série de reportagens especiais da Rádio Jornal “Ideologia, fé e voto: o raio-X das eleições 2018” aborda esses e outros aspectos em Pernambuco.

Confira a primeira reportagem com os repórteres Natália Hermosa e Rafael Souza:

Ressurgimento do autoritarismo

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última eleição federal, 888 candidatos declararam ser militares da ativa ou aposentados. Já este ano, foram 990. O crescimento da categoria pode ser explicado pelo descrédito da população nas instituições e nos políticos após denúncias de corrupção.

Nas pesquisas eleitorais deste ano, o destaque é o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), que aparece como um dos favoritos ao cargo. O cientista político Antonio Lavareda, lembra que o Brasil ainda carrega marcas da ditadura militar. Ele destaca o peso do desconhecimento histórico como causa desse fenômeno.

Em Pernambuco, os militares não disputam uma vaga no alto escalão do estado, estão concentrados nos cargos de deputados estadual e federal. São pelo menos 15, brigando por uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco, e mais 15 lutando por um espaço no congresso nacional.

Atualmente apenas Joel da Harpa, do PP, ocupa uma vaga na Alepe. Ele foi o líder da greve da Polícia Militar de Pernambuco em 2014 e disputa a reeleição. Terra de lutas, Pernambuco foi palco de diversos movimentos pela democracia e de resistência ao golpe militar na figura de líderes como Miguel Arraes (1916-2005), que preferiu ir preso a renunciar o governo do estado em 1964.

A historiadora Marieta Borges estudou a ditadura e lembra os tempos difíceis sem democracia. Ela também destaca que é importante conhecer a história do Brasil para não se enganar.

A série “Ideologia, fé e voto” vai exibir mais duas reportagens no programa “Redator de Plantão”, da Rádio Jornal, nesta quinta (30) e sexta (31).