ENTREVISTA

Se esperava que rejeição a Bolsonaro caísse após facada, diz Lavareda

O cientista político analisou os números da pesquisa Datafolha onde o candidato Jair Bolsonaro aparece com 24% das intenções de voto. Quatro candidatos estão empatados em segundo lugar, no limite da margem de erro

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 11/09/2018 às 9:31
Agência Brasil
FOTO: Agência Brasil

Apesar de Jair Bolsonaro ter crescido dois pontos e chagado a 24% na última pesquisa de intenções de voto, divulgada pelo Datafolha na noite dessa segunda-feira (10), a rejeição a ele impressiona. Entre os pesquisados, 43% rejeitam o candidato, mesmo após ele ter sido atacado com uma facada na última quinta-feira (6). De acordo com o cientista político Antônio Lavareda, se esperava que a rejeição a ele caísse. "Isso mostra que a rejeição a Bolsonaro está consolidada entre as mulheres e os leitores mais pobres", diz. "Eu esperava que ele crescesse uns 3 pontos percentuais e queda na rejeição, mas a rejeição a ele se mostrou surpreendente", completa.

O cientista político ainda analisou o discurso de Marina Silva e a dificuldade de crescimento da candidata nestas eleições. "Há duas forças que tracionam e começam a subtrair o eleitorado da ex-senadora: o voto de classe, quando vai perdendo voto para Haddad, e o voto evangélico, onde ele disputa eleitorado com Bolsonaro, basicamente", diz. Ouça a entrevista completa:

A pesquisa, com margem de erro de 2%, apresenta quatro candidatos empatados em segundo lugar, no limite da margem de erro. Para o cientista político, o brasileiro dá muito valor à margem de erro, coisa que não acontece nos Estados Unidos, por exemplo. Lavareda afirma ainda que os crescimentos ou queda de cada candidato precisam ser avaliados em relação ao momento político e comparando instituto por instituto, candidato com candidato.

Pesquisa

O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) atingiu 24% das intenções de voto em pesquisa divulgada hoje (10) pelo Instituto Datafolha. Ciro Gomes (PDT) teve 13% das preferências; Marina Silva (Rede), 11%; Geraldo Alckmin (PSDB), 11% e Fernando Haddad (PT), 9%.

De acordo com a pesquisa, Ciro tem 13%, Marina, 11%; Alckmin, 10%; e Haddad, 9%. Eles estão tecnicamente empatados, conforme margem de erro de dois pontos percentuais que pode oscilar para baixo ou para cima. A margem de pesquisa divulgada pelo Datafolha é de 95%.

Álvaro Dias (Pode) foi indicado por 3% dos eleitores entrevistados, o mesmo percentual de João Amoêdo (Novo) e de Henrique Meirelles (PMDB). Guilherme Boulos (PSOL), Vera Lúcia (PSTU) e Cabo Daciolo (Patri) pontuaram com 1%. João Goulart Filho (PPL) e José Maria Eymael (DC) não pontuaram. Os brancos e nulos somaram 15% e não responderam ou não quiseram responder 7%.

Essa foi a primeira pesquisa do Datafolha após o ataque a faca contra Jair Bolsonaro, ocorrido na última quinta-feira (6), em Juiz de Fora (MG). É o primeiro levantamento que exclui o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba (PR) desde abril. Não foram divulgados resultados de intenção espontânea de voto.

Na comparação com a pesquisa de opinião realizada pelo Datafolha em 20 e 21 de agosto, Bolsonaro cresceu 2 pontos percentuais (p.p); Ciro, 3 p.p; Alckmin, 1 p.p. e Haddad 5 p.p. Marina Silva caiu 5 p.p. As oscilações de Bolsonaro e Alckmin estão dentro da margem de erro.

Entre os dois levantamentos, caiu em 7 p.p o número de eleitores que pretendem votar em branco ou nulo. Subiu em 1 p.p o número de entrevistarados que não quiseram ou não souberam responder.

A pesquisa atual ouviu nesta segunda-feira 2.804 pessoas em 197 municípios. O levantamento foi encomendado pela TV Globo e o jornal Folha de S.Paulo e registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR 02376/2018.

Rejeição

O candidato Jair Bolsonaro tem a maior taxa de rejeição, 43%. Marina Silva tem 29%; Geraldo Alckmin, 24%; Fernando Haddad, 22%; e Ciro, 20%.

Os demais resultados são: Cabo Daciolo, 19%; Vera Lúcia, 19%; Eymael, 18%; Guilherme Boulos, 17%; Henrique Meirelles, 17%; João Goulart Filho, 15%; João Amôedo, 15%; e Alvaro Dias, 14%.

Cinco por cento dos eleitores entrevistados admitem que não votam em nenhum dos candidatos e dois por cento dizem que não votariam em ninguém. Seis por cento declararam não saber.

2º Turno

O Datafolha fez simulações de 2º turno entre os candidatos. Nos cenários em que Jair Bolsonaro aparece disputando com outro candidato, Bolsonaro perde em todas as simulações: 39% para Haddad e 38% para Bolsonaro (20% branco e 3% nulo), 43% para Marina e 37% para Bolsonaro (18% branco e 2% nulo), 43% para Alckmin e 34% para Bolsonaro (20% branco e 3% nulo), 45% para Ciro e 35% para Bolsonaro (17% branco e 3% nulo).

O Datafolha ainda testou cenários de 2º turno sem o candidato do PSL. Ciro (39%) venceria Alckmin (35%), tendo 23% branco e 3% nulo; Marina (38%) superaria Alckmin (37%) tendo 23% branco e 2% nulo; Ciro (41%) ganharia de Marina (35%) tendo 22% branco e 2% nulo; Marina (38%) superaria Alckmin (37%); assim como venceria disputa com Haddad, 42% contra 31% (25% branco e 3% nulo). Geraldo Alckmin (42%) venceria disputa com Fernando Haddad (29%), tendo 25% branco e 3% nulo.