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Em telegrama, Bolsonaro falou de Pinochet como 'saudoso General'

Telegrama de Bolsonaro elogiando o neto de Pinochet por 'críticas as mentiras da esquerda' foi negado por Ministério

Antônio Gabriel Machado
Antônio Gabriel Machado
Publicado em 26/09/2018 às 9:27
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, enviou à Embaixada do Brasil no Chile um telegrama com uma mensagem de solidariedade ao neto do general Augusto Pinochet, Augusto Pinochet Molina, que foi afastado do Exército por um discurso no enterro do avô, em 2006.

Na ocasião, Bolsonaro reafirmou a admiração por Molina não ter se curvado 'às mentiras da esquerda' e reafirmou sua admiração pelo 'saudoso' general Pinochet. O pedido de Bolsonaro foi negado pelo Ministério das Relações Exteriores.

O recebimento do telegrama foi confirmado em uma mensagem enviada pela Embaixada brasileira em Santiago, capital do Chile, e está disponível no site de acesso À informação do governo federal, responsável por atender pedidos de informações e solicitações de documentos públicos.

Mario Vilalva, então embaixador brasileiro no Chile, relatou que recebeu um telegrama do deputado federal Jair Bolsonaro em que ele pede que seja transmitida "minha solidariedade e admiração por sua dignidade ao não se curvar Às mentias da esquerda e honrar o nome do avô". Bolsonaro ainda atribui o desenvolvimento chileno "às ações desenvolvidas pelo saudoso General Pinochet".

Segunda mensagem ao Ministério das relações exteriores

Em uma segunda mensagem, o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores afirma que "Vossa Excelência poderá informar ao Deputado Jair Bolsonaro que o Ministério não transmite mensagens pessoais, as quais deverão ser, caso deseje o parlamentar, encaminhadas diretamente aos destinatários".

Pinochet

O General Augusto Pinochet assumiu a presidência do Chile após um dos mais violentos golpes militares em toda a América Latina em 1973. Ao todo, mais de 200 mil chilenos foram exilados e outros 3 mil mortos ou desparecidos, além de milhares perseguidos e torturados pelo Regime, que contou com o apoio da CIA para derrubar o governo democraticamente eleito de Salvador Allende.

A ditadura moldou parte da vida econômica e política do Chile. Reformas neoliberais radicais foram implantadas logo após a tomada do poder, em contraste com as políticas de caráter 'esquerdista' de Allende, aconselhado por um grupo de americanos chamado de 'Chicago Boys'.

Em 1988, os planos de Pinochet de permanecer no poder foram frustrados quando o regime militar admitiu derrota em um referendo que acabou abrindo caminho para a restauração da democracia. O regime ainda providenciou que os militares ficassem fora do controle civil após a ditadura.