JUSTIÇA

Julgamento de ex-PM acusado de matar garoto Mário é adiado pela 2ª vez

O adolescente Mário Andrade estava a caminho de um jogo de futebol quando esbarrou a bicicleta na moto do PM, que torturou e matou o garoto

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 10/10/2018 às 13:55
Leo Motta/ JC Imagem
FOTO: Leo Motta/ JC Imagem

Foi adiado pela segunda vez o julgamento do ex-sargento da Polícia Militar Luiz Fernando Borges, réu confesso do assassinato de Mário Andrade de Lima, de 14 anos. O ex-PM passou por uma cirurgia de hérnia e apresentou um atestado que o impede de participar do julgamento nos próximos 30 dias. No entanto, o júri popular foi adiado pela Justiça para 6 de novembro de 2018.

Além disso, os novos advogados constituídos na audiência que deveria ter acontecido em setembro não apareceram à 2ª Vara do Tribunal do Júri.

A audiência estava marcada para iniciar às 9h desta quarta-feira (10), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, na área central do Recife, porém, advogado do ex-PM não compareceu à sessão. O júri popular já tinha sido adiado no aniversário de 17 anos de Mário Andrade, em 24 de setembro.

Confira os detalhes na reportagem de Aline Mateus:

Tentativa de desmobilização

Mãe do garoto disse que não vai deixar o caso cair no esquecimento
Mãe do garoto disse que não vai deixar o caso cair no esquecimento
Léo Mota/ JC Imagem

Joelma Andrade de Lima, mãe do adolescente morto, luta há dois anos para que o caso não seja esquecido. “Que ele pague pelo que ele fez. Ele acabou com minha vida. Meu filho era para estar aqui com 17 anos, aqui, por nada ele exterminou meu filho. Meu filho nunca foi bandido, nunca pegou numa arma”, desabafou.

Para a assistente da acusação, Jaqueline Martins, as alegações para o adiamento do julgamento desta quarta foram uma estratégia do acusado. “Acreditamos que essa é uma estratégia de desmobilização comunitária, porque a luta de Joelma há dois anos é de mobilização comunitária, autônoma, contra o extermínio da juventude negra, que vai para além da perda única pessoal. Se transformou numa luta macro”, comentou.

Relembre o caso

Mário Andrade de Lima, de 14 anos, foi morto após bater com a bicicleta em moto de policial militar
Mário Andrade de Lima, de 14 anos, foi morto após bater com a bicicleta em moto de policial militar
Felipe Ribeiro/ JC Imagem

O ex-PM é acusado de matar com três tiros o estudante Mario Andrade de Lima, de 14 anos, e de tentar assassinar o amigo dele, de 13 anos, que mesmo baleado sobreviveu. O caso aconteceu em julho de 2016, no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, e o crime foi cometido após os meninos esbarrem a bicicleta na motocicleta do então sargento reformado.

O Sargento teria ligado para o 190 (número de emergência da PM) e informado que tinha sido vítima de uma tentativa de assalto. Após a ligação, efetuou vários disparos nos dois jovens. Mário Andrade de Lima, 14 anos, foi atingido na cabeça, no tórax e nas pernas e não resistiu aos ferimentos. O garoto de 13 foi baleado nas pernas e se fingiu de morto, até ser socorrido.

O policial militar foi expulso da corporação e sua demissão foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 20 de abril deste ano. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), o terceiro sargento Luiz Fernandes Borges estava com sinais de embriaguez quando praticou o crime. Ele teria exigido que a vítima, Mário Andrade de Lima, deitasse no chão, momento em que foi atingido por coronhadas na cabeça e levou três tiros.

O ex-policial agora está no Presídio de Igarassu aguardando o julgamento.