Eleições

Crescimento de Haddad não altera cenário do 2º turno, diz Lavareda

Para Antônio Lavareda, Haddad subiu por declarações polêmicas e de grande repercussão de Bolsonaro e seus filhos

Antônio Gabriel Machado
Antônio Gabriel Machado
Publicado em 24/10/2018 às 10:18
Agência Brasil
FOTO: Agência Brasil

O cientista político Antônio Lavareda afirmou que o crescimento de dois pontos percentuais de Fernando Haddad (PT) na última pesquisa de intenção de voto feita pelo Ibope não altera o cenário eleitoral. Haddad saiu de 41% para 43%, enquanto Jair Bolsonaro (PSL) chegou a casa dos 57%, perdendo os mesmos dois pontos percentuais. Lavareda afirma que, ao final do 1º turno, os candidatos do bloco da direita detiveram mais votos.

"Não há surpresa pois, no resultado do primeiro turno, eu tive a oportunidade de expressar a expectativa baseada no comportamento dos eleitores. Temos uma linha de raciocínio de algo que deve ocorrer no segundo turno, salvo uma situação excepcional. Se nós dividirmos em dois blocos as candidaturas do 1º turno, só candidatos de direita completaram 57% pontos, enquanto os de esquerda tiveram 43%. Esses dois números que devem parametrizar o desenvolvimento da campanha no segundo turno. É um raciocínio baseado no comportamento dos eleitores no segundo turno. É um rumo que deve surgir no resultado final", afirmou Lavareda em entrevista à Rádio Jornal nesta quarta-feira (24).

Lavareda ainda afirmou que a queda de Jair Bolsonaro se deu por conta de declarações polêmicas do candidato e de seus filhos nos últimos dias, com grande repercussão na imprensa e redes sociais. "Nesses últimos dias, o Bolsonaro tem sido submetido a uma massa de críticas e contestações do adversário e da imprensa, por conta de declarações absurdas e infelizes dele. Isso mostra o crescimento de sua rejeição. Eu acredito que nós devemos considerar como de fato um pequeno declínio", disse.

Migração de votos e métodos de pesquisa

Lavareda ressaltou ainda que o método de pesquisa utilizado pelos analistas e institutos brasileiros é incapaz de identificar o motivo do comportamento das pessoas.

"As pesquisas de opinião e analistas utilizam no Brasil uma abordagem baseada na teoria da escolha racional, como se os eleitores soubessem exatamente o que os levam a determinados comportamentos, e isso não procede. As pesquisas são instrumentos eficazes para prognosticar os comportamentos. Se você tem uma opinião na data de hoje, certamente essa opinião vai se traduzir em comportamento amanhã. Por isso que a intenção de voto para governador e senador em alguns estados sofreu uma alteração abrupta. O motivo das pessoas se portarem de uma forma ou de outra, isso as pesquisas não têm como trazer", comentou Lavareda.

O migração de votos de Bolsonaro para Haddad, entre os votos válidos, se deu por conta do aumento de brancos e nulos. "Quando um candidato perde pontos, esses pontos se juntam aos brancos e nulos. Automaticamente, diminui o número de votos válidos e o candidato cresce proporcionalmente", afirmou.

Índice de rejeição

A pesquisa Ibope também apontou um aumento na rejeição de Jair Bolsonaro, ficando em empate técnico com Haddad. Lavareda declarou que os números de rejeição sempre são importantes para a análise de um cenário eleitoral, no entanto, neste pleito, a questão cerca o antipetismo.

"O índice de rejeição é uma variável da maior importância, mas essa é uma eleição diferente. O que está em jogo é a adesão a rejeição não aos candidatos, mas aos governos petistas sob a ótica do último governo. O governo FHC foi avaliado pelo último capítulo e não pelo conjunto da obra, o que tá mais fresco e mais forte no sentimento público. O governo Dilma é descrito por Bolsonaro como o período de escândalos", concluiu Lavareda.

Ouça a entrevista completa de Antônio Lavareda