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Jurista apontava possível interesse pessoal de Moro durante campanha de Bolsonaro

Jurista e diretor da Faculdade de Direito, Francisco Queiroz, acredita que Moro tem interesse em 'progredir na carreira'

Antônio Gabriel Machado
Antônio Gabriel Machado
Publicado em 01/11/2018 às 11:54
Antonio Cruz/Agência Brasil
FOTO: Antonio Cruz/Agência Brasil

Antes mesmo de Sérgio Moro ser convidado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para o superministério da Justiça e Segurança Pública, o jurista Francisco Queiroz, diretor da Faculdade de Direito do Recife, já havia traçado uma possível associação entre as atitudes do juiz federal e o interesse de progredir na carreira de magistrado. Em entrevista à Rádio Jornal no último dia 5 de outubro, antes mesmo do primeiro turno das eleições, o professor de direito da UFPE falou sobre a investigação do Conselho Nacional de Justiça a respeito da liberação, por Moro, de trechos selecionados da delação de Antônio Palocci, dias antes da votação do primeiro turno. A divulgação poderia prejudicar o candidato Fernando Haddad (PT).

"Eu não disse que Moro agiu (por interesses pessoais), a aparência é que isso tenha acontecido, parece ser. O juiz tem que ter muito cuidado com o 'parece ser'. Moro tá angustiado. Se Bolsonaro assumir, ele tem chance de progressão da carreira. Se for Haddad, por quatro anos, o TRF da 4º região respeita muito a antiguidade. Só concorrem, por merecimento, juízes mais antigos. Ele iria ficar mais 10 ou 20 anos onde ele está", comentou Francisco Queiroz na ocasião.

Ouça a entrevista:

Convite para ministério

Nesta quinta-feira (1), após reunião com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), Sérgio Moro aceitou o convite para assumir o superministério da Justiça, que, com a fusão das pastas, agregará também o da Segurança Pública. O anúncio foi através de uma nota divulgada pelo magistrado, detalhando os termos da proposta que aceitou. O nome do juiz federal vinha sendo especulado na última semana depois de Bolsonaro mencioná-lo como possível nome para assumir a Justiça ou ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal.